Direito de propriedade em risco

É quase impossível acreditar que estão sendo reeditados velhos erros de um passado que foram corrigidos com muito esforço pelo mundo rural. Apesar de que tais erros, inevitavelmente, atingirão também aos cidadãos urbanos pela tendência e ferocidade de seus autores encastelados no núcleo do próprio governo. Tudo aconteceu quando José Sarney esteve à frente do primeiro governo civil do Brasil após o governo militar. Sarney assumiu após a vitória da chapa de Tancredo e Sarney na eleição indireta de 1985. Com o falecimento de Tancredo, José Sarney acabou assumindo a presidência do Brasil e foi o governante do país durante o dito processo de reconstrução da democracia.

O governo Sarney foi muito conturbado e desde o início o “Direito de Propriedade” foi atacado e violado batendo frontal e diretamente no agro sem nenhuma reação governamental. Diante da ameaça surgiu, em 1986 a UDR (União Democrática Ruralista) unindo vários setores que foram atingidos violentamente e tinha como objetivo “a preservação do direito de propriedade e a manutenção da ordem e respeito às leis do País”. Tenho buscado entre as fontes históricas da criação da entidade, entre elas a Wikipédia e o que tenho encontrado são apenas textos que destilam veneno ideológico como uma cascavel.

Com fontes comprometidas somente me resta a memória dos fatos que vivenciei. Afinal testemunhei a história dos últimos 77 anos do Brasil e do mundo. Naturalmente tais textos foram escritos, distorcendo a história, para impressionar a nova geração que não acompanhou o governo Sarney, o nascimento e a atuação da UDR. Acusavam a organização de ser contra a “Reforma Agrária” o que é uma deslavada mentira, a UDR foi contra a reforma proposta que violava o Direito de propriedade, assim como hoje os adversários da “Reforma Tributária” não são contra mudar o sistema tributário brasileiro que é o que todos almejam, o que a maioria do agro contesta é a reforma que tramita no Congresso hoje.

O Direito de Propriedade, novamente está em risco com ataques às propriedades rurais pelo MST tentando impor “à ferro e fogo” a derrubada deste Direito que é de todos nós na área rural e nas cidades, nas barbas do atual governo e com a leniência do STF. Não tenho a pretensão de apontar uma solução, trago apenas fatos históricos que mostram como o assunto foi resolvido no passado. Apenas mais um pouco de história, o movimento foi tão efetivo que durante a “Constituinte de 1988” os seus membros que apoiavam os produtores rurais e todos os brasileiros conseguiram manter na atual Constituição o Direito de Propriedade.

É espantoso e inimaginável o aceite que uma pequena minoria cujo único trabalho é tentar impor, com ações violentas, o fim do Direito de Propriedade, tomando da maioria dos cidadãos trabalhadores o direito, arduamente conquistado, de propriedade. O que qualquer um minimante esclarecido pode perceber é que o MST tenta promover é uma espécie de ‘guerra civil’ na área rural.