A Prefeitura de Belém inaugurou, na manhã da sexta-feira (21), dois projetos cruciais para a gestão de resíduos sólidos: o maior sistema de compostagem orgânico acelerado do Brasil e a nova Unidade de Valorização de Recicláveis (UVR) da Concaves, no bairro Terra Firme. O evento de inauguração contou com a presença do prefeito Igor Normando, diversas autoridades e catadores de diferentes cooperativas, reforçando que a política municipal de destinação adequada de orgânicos e recicláveis é um dos pilares da gestão atual.
A nova unidade de reciclagem da Concaves passou por um processo completo de reforma, manutenção e adequação de infraestrutura. A intervenção é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Seinfra), com financiamento da Itaipu Binacional, e integra o pacote de melhorias das unidades de triagem da capital.
Com 1.770,53 m², o galpão da cooperativa agora conta com um espaço mais moderno, seguro e adequado ao trabalho dos cooperados. A Concaves atua na Região Metropolitana com foco na coleta seletiva, educação ambiental e implantação de soluções sustentáveis em escolas, instituições públicas, condomínios e empresas.
A modernização amplia a capacidade de triagem e reciclagem e garante melhores condições de trabalho e inclusão produtiva aos catadores e catadoras. Essa intervenção faz parte de um pacote de ações estratégicas para a gestão de resíduos e a bioeconomia, executadas pela Prefeitura de Belém para a COP 30.
O Prefeito Igor Normando destacou que Belém está se tornando um exemplo nacional e mundial ao tratar o resíduo como um ativo econômico, e não mais como um problema. Ele afirmou que é necessário ter ações que se integrem para fazer parte de um grande sistema, e que as inaugurações de hoje – a maior composteira do Brasil e o galpão reformado com novo equipamento – fazem parte disso.
“Conseguimos aumentar a efetividade de reciclagem aqui, com este equipamento, e esse galpão também está completamente reformado. As cooperativas são fundamentais para a construção de tudo isso. Belém oferece, com estas inaugurações, um exemplo de sustentabilidade, preservação e transformação.”, destacou o prefeito de Belém.
Com a nova UVR, a estimativa é que a capacidade de reciclagem aumente em 400%, chegando a 300 toneladas mensais de resíduos processados. O número de cooperados também crescerá, garantindo maior renda aos catadores.
Luiz Suzuki, gestor dos contratos da Itaipu para a COP 30, reforçou que, além da unidade inaugurada, outros três galpões serão reformados com o objetivo de diminuir a quantidade de lixo nas ruas e aumentar a reciclagem. Suzuki afirmou que o propósito é trazer a experiência adquirida para Belém e, futuramente, ampliá-la para outras cooperativas, contribuindo para manter a cidade ainda mais limpa.
Maior máquina de Compostagem do Brasil
A nova central de compostagem inaugurada utiliza tecnologia de tambor rotativo para acelerar o tratamento dos resíduos orgânicos. O equipamento tem capacidade de processar 150 toneladas de resíduos alimentares por mês, podendo chegar a 180 toneladas com a incorporação de restos de poda e folhagens. A câmara, com 16 metros de comprimento, possui mistura e aeração automatizadas, o que reduz o tempo médio de compostagem para 30 a 45 dias.
A instalação do sistema é resultado de uma ação coordenada pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Executiva de Inclusão Produtiva (SEINP), que lidera a implantação e a operação local da tecnologia. O projeto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Pólis, o Global Methane Hub (GMH), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Governo do Estado, via SEMAS, e o Sebrae.
Débora Baía, presidente da Concaves, enfatizou o momento histórico vivido pela cooperativa, ligando-o diretamente ao legado da COP 30. A catadora destacou que a entrega da UVR (Unidade de Valorização de Recicláveis), somada à inauguração do maior sistema de compostagem do país, é extremamente significativa para a capital paraense. “É o único modelo integrado com os catadores, com gestão compartilhada com a cooperativa. A gestão atual, com certeza, tem como prioridade o tratamento correto de resíduos”, pontuou Débora.
O modelo adotado coloca Belém como referência nacional: é a única cidade da América Latina a operar um sistema de compostagem acelerada dessa escala, com a participação direta de catadoras e catadores das redes Recicla Pará e Central da Amazônia. O composto gerado deve abastecer agricultores familiares da região, fortalecendo a economia circular e o aproveitamento sustentável dos resíduos orgânicos.
Victor Argentino, coordenador de projetos do Instituto Pólis, explicou que o projeto visa reduzir as emissões no setor de resíduos sólidos, com foco especial no gás metano, já que atualmente a totalidade do resíduo orgânico é destinada ao aterro sanitário.
“Agora, provamos que é possível a gente reciclar sobra de alimento, resíduos vegetais, transformando-os em adubo orgânico por meio do sistema de compostagem”, destacou Victor.
Da Agência Belém

