Ex-presidentes latino-americanos do Grupo IDEA e políticos opositores influentes, como a venezuelana María Corina Machado, concordaram na quarta-feira (12) que o fim do governo de Nicolás Maduro na Venezuela está próximo, diante do crescente envio de tropas militares dos Estados Unidos ao Mar do Caribe.
A pressão de Washington, refletida ontem na chegada, ao Mar do Caribe, do maior porta-aviões dos EUA, o USS Gerald R. Ford, e seu grupo de ataque, com 4 mil militares e dezenas de aeronaves, marcou o fórum do Grupo IDEA no Miami-Dade College (MDC) sobre “o fim das ditaduras de Cuba, Nicarágua e Venezuela”.
– Os EUA têm uma política de combate ao narcotráfico, ao terrorismo, claro, e espero que entendam que estamos em semanas decisivas – afirmou o ex-presidente da Bolívia Jorge Tuto Quiroga.
A luta pela mudança na Venezuela enfrenta uma conjuntura em que convergem o Prêmio Nobel da Paz que Machado receberá em 10 de dezembro, um “povo mobilizado” e essa “atitude do governo americano”, declarou.
Machado, que na última semana chamou de “absolutamente correta” a estratégia do presidente dos EUA, Donald Trump, contra Maduro, disse hoje que seu país enfrenta “horas decisivas”, e que “a Venezuela está no limiar da liberdade e de uma transformação sem precedentes”.
– Peço que nos acompanhem neste momento histórico, nestas horas decisivas, porque o que está acontecendo na Venezuela não é apenas um fato nacional, é um ponto de inflexão para toda a América Latina – disse Machado, por videoconferência ao fórum de ex-presidentes.
Vários ex-presidentes defenderam a legitimidade dos ataques dos EUA contra cerca de 20 supostas embarcações de “narcoterroristas”, que deixaram cerca de 75 mortos desde 1º de setembro.
– Acredito que um governo que se mantém pela força deve ser entendido como uma ameaça internacional. Um problema muito grave que muitos países cometeram foi definir o narcotráfico como um problema de segurança pública – declarou o ex-presidente do Equador Jamil Mahuad.
As Nações Unidas acusaram os ataques de violarem o direito internacional e representarem execuções extrajudiciais, enquanto países como França e México também os questionaram, e Colômbia e Reino Unido deixaram de compartilhar informações de inteligência com os EUA por causa deles.
Mas o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe disse que prefere “a derrota do narcoterrorismo a que ele continue avançando e criando essa soberania dos criminosos”, além de dizer que seu país também “corre o risco” de sofrer ataques por “abrigar terroristas” e ser “aliado” da Venezuela.
– Corremos o risco de que alguém, em nome da defesa de sua segurança, lance bombas sobre o território da Colômbia. Essa questão precisa ser resolvida. Ou estamos com a criminalidade, com o neocomunismo, com o narcoterrorismo, ou estamos com a democracia – afirmou.
Luis Almagro, ex-secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) de 2015 a 2025, afirmou que “não questiona” os ataques às embarcações, pois não há “liberdade de navegação nem céus abertos para os narcotraficantes”.
– É preciso preservar a segurança na região – declarou à imprensa Almagro, agora diretor do Observatório para a Democracia do Instituto Casla.
Do Pleno.News com EFE
