Do astroturismo ao turismo sustentável: Meeting Festuris destaca destinos e promove conscientização no setor

SEGUNDO DIA DO EVENTO FOI MARCADO POR PAINÉIS QUE DESTACARAM A IMPORTÂNCIA DE BUSCAR O NOVO

A partir da preocupação de que a neta não viesse a conhecer a mesma Amazônia e a mesma Jericoacoara que ela conhece hoje, a empresária Priscila Bentes criou, em 2018, o SeloXIS, certificação que avalia mais de 100 indicadores ESG e reconhece práticas sustentáveis em hotéis e eventos turísticos. Para apresentar e disseminar a iniciativa, Priscila subiu ao palco da 37ª edição do Festuris – Feira Internacional de Turismo de Gramado na manhã deste sábado (8).

“Temos uma metodologia própria desenvolvida a partir dos principais frameworks do mercado. Avaliamos práticas nas esferas ambiental, social e de governança”, explicou a empresária. Atualmente, há mais de 20 empreendimentos turísticos certificados. “E o Festuris é o primeiro evento que recebe nosso selo”, destacou. Após a apresentação, os CEOs do Festuris, Marta Rossi e Eduardo Zorzanello, receberam o certificado.

O sábado também foi marcado pela presença de Diego José Baeza Martignago, assessor da Subsecretaria de Turismo do Chile. Ele apresentou os roteiros de astroturismo do país, destinados à observação de estrelas no “céu mais limpo do mundo”. “Nosso céu é infinito, nossa viagem é infinita. Hoje, o Chile tem 40 observatórios astronômicos. Desses, 27 são dedicados ao turismo”, afirmou. Características geográficas peculiares, como a Cordilheira dos Andes de um lado e o Pacífico de outro, dão à região 300 dias de céu limpo por ano.

O FUTURO SE VIVE NO PRESENTE

Em sua apresentação, Gabriela Figueiredo, diretora de Turismo de Luxo da Matueté, mostrou que o papel do agente de viagens evoluiu e, agora, é definido como travel designer, em que o profissional de turismo faz a gestão da experiência e do tempo do cliente. “O travel designer é como um arquiteto: planeja o melhor uso de algo extremamente valioso hoje – o tempo livre”, comparou.

Especialista em inovação, Luiz Candreva trouxe muitas provocações para o público, entre elas, a máxima de que podemos encontrar o futuro vivendo o presente. Para ele, a era do monopólio do pensamento humano para construir o amanhã acabou.  Segundo ele, a inteligência artificial deixou de ser uma simples ferramenta para se tornar uma espécie de copiloto da humanidade. E, disse, muito em breve, pode assumir o papel de ‘piloto’, tornando os humanos passageiros do processo de criação. Candreva também apontou as sete lições para o futuro, entre elas a profissão que se destacará daqui para frente: “Será aquela em que as pessoas sejam resolvedoras de problemas complexos. Então, quais habilidades vocês já têm que poderiam resolver essas questões?”

RESPOSTAS ESTÃO NO AGORA

Um dos destaques do Meeting foi a participação do filósofo Luiz Felipe Pondé, que fez uma ampla análise sobre as tendências de comportamento que moldarão o futuro do turismo e da sociedade, afastando previsões óbvias feitas por ditos “gurus” do amanhã. Ele defendeu que as transformações sociais decorrem de uma série de fatores palpáveis, como a queda global da natalidade, impulsionada pela ampliação do papel social e econômico das mulheres e pelo ritmo de vida cada vez mais acelerado.

Pondé também relacionou o futuro do comportamento humano à evolução dos meios de comunicação, explicando que toda revolução da imprensa – da prensa de Gutenberg, passando pelo rádio até a era das redes sociais – altera o contexto político e cultural. “Assim é que se prevê o futuro: observando o comportamento concreto do presente”, resumiu. Para ele, o século XXI não trará milagres ou grandes surpresas, mas o desdobramento do que já está posto diante de nós.

Texto: Camila Kosachenco/Fotos: Anselmo Cunha/Festuris