Buracos negros não conseguem resolver conflito na expansão do Universo

Há muito tempo, cosmólogos tentam decifrar um enigma conhecido como “tensão de Hubble”, termo que se refere a uma discrepância persistente entre as medições da taxa de expansão do Universo.

Uma das soluções estaria na perda de massa durante a fusão de buracos negros – mas, estudos recentes sugerem que isso não resolve totalmente o problema, o que mantém o mistério no ar.

Em resumo:

  • Existe uma diferença entre os cálculos que medem a expansão do Universo;
  • Essa discrepância, chamada “tensão de Hubble”, intriga cientistas há alguns anos;
  • Entre as explicações possíveis, estão as fusões de buracos negros;
  • Um novo estudo refuta a hipótese e mantém o enigma sem solução.

O ponto central da questão está na “constante de Hubble”, unidade de medida que indica o ritmo da expansão do espaço. Observações do Universo primitivo, como a radiação cósmica de fundo, mostram valores bem menores do que os obtidos por medições feitas no Universo mais próximo. A diferença entre os dois resultados só cresceu nos últimos anos e segue sem explicação.

Taxa real de fusões de buracos negros é insuficiente para explicar tensão de Hubble

Uma das possibilidades levantadas pelos cientistas é que a quantidade de matéria no Universo talvez não seja tão estável quanto os modelos sugerem. Alguns teóricos imaginaram que a matéria escura poderia estar se transformando em radiação invisível. O problema, conforme destaca o site Space.com, é que a própria matéria escura ainda não é compreendida, o que torna essas hipóteses pouco sólidas e ainda muito especulativas.

Outra ideia investigada é o papel dos buracos negros. Quando dois deles se fundem, parte de sua massa se transforma em energia e se espalha pelo espaço na forma de ondas gravitacionais. Essa massa deixa de existir de maneira efetiva. Atualmente, essas ondas podem ser medidas diretamente por detectores como o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO) e também de forma indireta, usando pulsares que funcionam como relógios cósmicos espalhados pelo Universo.

Um grupo de astrofísicos da Universidade Vanderbilt, nos EUA, realizou cálculos para descobrir se esse processo seria de fato capaz de explicar a tensão de Hubble. Eles avaliaram a frequência provável dessas fusões ao considerar quantas estrelas massivas se formam, quantas acabam colapsando em buracos negros e qual a chance de tais objetos se aproximarem o bastante para se fundirem.

De acordo com os resultados, descritos em um artigo disponível para revisão no repositório de pré-impressão arXiv, a taxa real de fusões é cerca de 10 mil vezes menor do que a necessária para justificar a discrepância observada. Mesmo com incertezas nas estimativas, os números não chegam perto do que seria preciso.

Ainda assim, a pesquisa representa um avanço importante, pois cada hipótese descartada ajuda a estreitar o caminho em direção à solução. E os cientistas continuam seu trabalho como detetives do cosmos, analisando pistas, eliminando suspeitos e buscando desvendar um dos maiores mistérios da ciência moderna.

Universo pode frear expansão e iniciar contração gradual

Considerada um fator constante que impulsiona o afastamento cada vez mais acelerado das galáxias, a energia escura pode ter atingido seu pico quando o Universo tinha cerca de 70% da sua idade atual e, desde então, vem perdendo força, estando, atualmente, cerca de 10% mais fraca.

Uma descoberta publicada em março levanta a possibilidade de que, num futuro distante, a aceleração possa cessar, estabilizando a expansão ou até a revertendo, em um colapso apelidado de “big crunch”.

Do Olhar Digital