Melhor em Casa Belém: 10 anos oferecendo atendimento domiciliar

A dona de casa Maria da Conceição Ribeiro, de 84 anos, é atendida pelo programa “Melhor em Casa Belém”, vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), há sete anos. Desde então, ela recebe semanalmente a visita de uma equipe multidisciplinar composta, geralmente, por cinco profissionais: médico, enfermeiro, fisioterapeuta, técnico de enfermagem e assistente social, que realiza em domicílio o tratamento de saúde contínuo que a idosa necessita.

Quando chega o dia da consulta, a rotina de dona Maria é sempre a mesma: há sete anos ela prepara uma mesa farta de café da manhã para a equipe, com direito a tapioquinha, cuscuz, suco, bolo e café com leite. “Eles foram anjos que apareceram na minha vida. Em todos esses anos, a equipe nunca deixou de vir aqui em casa em nenhuma semana. São maravilhosos e já fazem parte da minha família”, conta a paciente. Moradora do bairro da Sacramenta, a idosa trata com a equipe do “Melhor em Casa Belém” um enfisema pulmonar, doença que sofre há dez anos.

Maria Ribeiro é uma das pacientes mais antigas do programa “Melhor em Casa Belém”, que neste sábado, 10, completa dez anos de existência. Desde a implementação, em 2015, a iniciativa tem transformado o cuidado com a saúde no município ao oferecer atendimento domiciliar humanizado, contínuo e gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Atualmente, o programa conta com cerca de 40 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. Esses profissionais estão distribuídos em 7 equipes, que atuam diariamente na capital e nos distritos que pertencem ao município.

O Programa “Melhor em Casa” foi criado em 2011, pelo Governo Federal, com o objetivo principal de realizar tratamentos de doenças, prevenção de sequelas, cuidados paliativos e reabilitação intensiva, dentro do ambiente domiciliar. Em Belém, o projeto foi implantado em 2015, e, ao longo desses dez anos, “já atendeu mais de 20 mil pessoas”, estima a coordenadora do “Melhor em Casa em Belém”, a enfermeira Elen Sena.

De acordo com a coordenadora, esse programa de saúde ofertado pelo SUS é importantíssimo, pois muitas pessoas não têm condições de arcar financeiramente com um tratamento contínuo, “além de ser um atendimento diferenciado, que busca a humanização. É bem melhor para o paciente ser tratado em casa, pois ele está ao lado da sua família, dos seus parentes”, ressalta Sena.

Desde janeiro de 2025 até o início de maio, cerca de 2 mil pessoas já foram atendidad om o “Melhor em Casa Belém”. E, atualmente, há cerca de 400 pacientes sendo assistidos semanalmente pelas equipes que compõem o programa.

Um deles é o aposentado, Paulo Sérgio Bastos, de 68 anos. Morador do bairro da Terra Firme, Paulo precisou amputar o pé em 2024, devido a complicações causadas pela diabetes. Quando recebeu alta hospitalar, foi encaminhado ao “Melhor em Casa Belém”, para continuar seu tratamento. Há dez meses no programa, o paciente recebe uma equipe múltipla de saúde, que vai à sua casa três vezes na semana. São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistente sociais.

A receptividade da família de Paulo para com a equipe é tão calorosa como é na casa de dona Maria. Isso porque, as equipes são fixas para cada paciente, por isso, mais do que um atendimento de saúde, a relação de amizade e confiança que se estabelece entre eles é bastante forte, pois muitas equipes e pacientes se veem toda semana por meses ou anos.

O aposentado fala da condição de saúde de maneira descontraída e com bom humor. “Fui logo perder o pé esquerdo, que era o pé que eu mais fazia gol”, brinca Paulo. E, logo depois, elogia os profissionais. “Eles são ‘nota mil’, sempre fui bem atendido, eles são bem humanos, estão de parabéns”, diz. “A gente tem a equipe como família”, completa a esposa do aposentado, Sandra Bastos, de 64 anos.

De acordo com o enfermeiro Henrique Leite, responsável por uma das equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (Emad) do Programa, o critério para participar do “Melhor em Casa Belém” segue as seguintes etapas: é preciso que o hospital público ou privado, ao dar alta ao paciente que ainda precisa de cuidados fora do ambiente hospitalar, comunique a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) sobre a condição dessa pessoa. A Sesma, por sua vez, aciona o programa “Melhor em Casa Belém”, e a equipe avalia se esse paciente deve ou não entrar no projeto.

O programa “Melhor em Casa Belém” oferece suporte a uma ampla gama de condições de saúde. Mas, segundo Leite, que atua há seis anos no projeto, a maior parte dos atendimentos é voltada “para pacientes acamados, usuários de sondas, pessoas com feridas complexas, ostomizados, portadores de doenças crônicas e sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), além de pacientes diabéticos e aqueles em cuidados paliativos, tanto oncológicos quanto não oncológicos”.

Além do tratamento humanizado, apontado pela coordenadora do Programa, o enfermeiro complementa que o projeto “Melhor em Casa Belém” também traz outros benefícios, pois “diminui os custos do município em manter um paciente em um ambiente hospitalar, reduz as chances de propagação de infecções hospitalares e aumenta o número de leitos para pacientes que precisam estar no hospital”, completa.

O programa “Melhor em Casa Belém” funciona de segunda a sexta-feira, de 7h às 17h, e sábado e domingo, de 7h às 19h.

Da Agência Belém