De ‘gêneros que não existem’ a ‘estilo contrário ao evangelho’: Leão XIV tem histórico polêmico em temas LGBTs

Pela primeira vez na história, um papa americano assume o comando da Igreja Católica. Robert Francis Prevost, agora Leão XIV, foi eleito após pouco mais de 24 horas de conclave, emocionando a multidão ao surgir na sacada central da Basílica de São Pedro, no Vaticano, vestindo a tradicional batina branca. A eleição foi celebrada com entusiasmo por fiéis do mundo todo — inclusive pelos 53 milhões de católicos nos Estados Unidos, que agora veem um compatriota ocupar o mais alto posto da Igreja.

Apesar da emoção do momento e da sinalização de continuidade do legado do Papa Francisco, que o nomeou cardeal em 2023, a eleição de Leão XIV também reacende incertezas — especialmente entre pessoas LGBTQIAPN+ e seus aliados dentro e fora da fé católica. O novo pontífice tem um histórico conservador em temas de gênero e diversidade sexual. O New York Times observou em uma reportagem recente que, como bispo no Peru, Leão chegou a se posicionar contra a inclusão de discussões sobre identidade de gênero nas escolas, alegando que a “promoção da ideologia de gênero” criava “gêneros que não existem”.

Em 2012, Prevost criticou o que chamou de “simpatia” da mídia ocidental por estilos de vida que, segundo ele, vão contra o evangelho — citando especificamente pessoas LGBTQIAPN+ e famílias formadas por casais do mesmo sexo. Apesar de não ter se posicionado contra um documento recente que propunha a bênção de uniões homoafetivas, também não manifestou apoio explícito, o que reforça a percepção de que seu papado poderá ser marcado por ambiguidade e cautela em relação à diversidade sexual e de gênero.

Com a Igreja em uma encruzilhada entre tradição e inclusão, o futuro do diálogo entre o Vaticano e a comunidade LGBTQIAPN+ permanece incerto. Leão XIV poderá seguir os passos de Francisco, que abriu espaços inéditos para debates sobre acolhimento, ou ceder às pressões conservadoras que ainda dominam grande parte da hierarquia eclesiástica. Para muitos fiéis LGBTQIAPN+, a esperança segue viva — mas com os olhos bem abertos e o coração em alerta.

Do Extra/Globo