Briga de aeroportos? Proposta de aumento de passageiros no Santos Dumont gera polêmica

A proposta de ampliação do número de passageiros no Aeroporto Santos Dumont reacendeu uma antiga disputa no sistema aeroportuário do Rio de Janeiro e provocou reações imediatas de autoridades, especialistas e representantes do setor aéreo. A medida, que prevê o aumento da capacidade operacional do terminal localizado na região central da capital fluminense, é vista por críticos como um risco ao equilíbrio entre os aeroportos Santos Dumont e Galeão (Tom Jobim).

Atualmente, o Santos Dumont opera com restrições de voos e passageiros justamente para evitar a sobreposição de funções com o Galeão, aeroporto internacional que enfrenta queda no fluxo de viajantes nos últimos anos. A possível flexibilização dessas regras levanta temores de que o Santos Dumont volte a concentrar a maior parte dos voos domésticos, esvaziando ainda mais o Galeão.

Defensores da proposta argumentam que o aumento da demanda por viagens aéreas e a localização estratégica do Santos Dumont justificam a ampliação. Segundo eles, a medida traria mais opções aos passageiros, reduziria custos operacionais para as companhias aéreas e ajudaria a aliviar gargalos em horários de pico. “O Santos Dumont é um aeroporto eficiente e próximo do centro financeiro do Rio. Ignorar essa realidade é penalizar o usuário”, afirmam fontes ligadas ao setor.

Por outro lado, críticos alertam para impactos negativos no planejamento aeroportuário e no desenvolvimento econômico da região metropolitana. O Galeão, localizado na Ilha do Governador, foi estruturado para receber grandes volumes de passageiros e cargas, além de voos internacionais. Para especialistas, fortalecer o Santos Dumont pode comprometer investimentos já realizados no Galeão e aprofundar a crise do terminal.

A polêmica também envolve questões políticas e regulatórias. Governos municipal e estadual acompanham o debate de perto, enquanto a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Ministério de Portos e Aeroportos analisam os impactos técnicos e econômicos da proposta. Qualquer mudança, segundo os órgãos, deverá passar por estudos detalhados e audiências públicas.

Enquanto a decisão não é tomada, a chamada “briga de aeroportos” volta ao centro do debate, evidenciando a dificuldade histórica de conciliar interesses econômicos, logísticos e políticos no sistema aéreo fluminense. Para passageiros e companhias, o desfecho pode redefinir o futuro da aviação no Rio de Janeiro nos próximos anos.

Do Jornal PASSAPORTE/Foto: Reprodução