Crise na Ponte sobre o Rio Itacaiúnas: DNIT age em meio a preocupações e pressões em Marabá

A ponte que cruza o Rio Itacaiúnas, na BR-230/PA, na cidade de Marabá, no sudeste paraense — peça fundamental para o tráfego local e regional — tem sido alvo de atenção técnica, interdições e intenso debate público nas últimas semanas, em decorrência de problemas estruturais no vão central da obra.

No final de novembro de 2025, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realizou interdição total preventiva da ponte, com base em inspeções técnicas que apontaram deformações estruturais no vão central da ponte — parte da rotina de manutenção de obras de arte especiais da malha rodoviária federal.

O órgão explicou à imprensa que a interdição não indica risco iminente de colapso, mas é uma medida necessária para permitir inspeções detalhadas com equipamentos e acesso direto aos elementos estruturais da ponte. O tráfego foi desviado para a ponte paralela, adjacente, garantindo a continuidade do fluxo de veículos na região.

Sinais de Afundamento e Monitoramento Antigo

Segundo relatos de técnicos e reportagem local, a ponte vinha sendo monitorada pelo DNIT desde 2017, após observação de uma depressão no centro da pista e fissuras na parte inferior da estrutura. À época, especialistas indicaram que se tratava apenas de uma junta de concretagem, mas a flexão da estrutura — a curvatura que naturalmente ocorre em grandes vigas — persistiu e, com o passar dos anos, ultrapassou limites considerados seguros, motivando a atual inspeção.

MEDIDAS DE TRÁFEGO E RESTRIÇÕES

Enquanto as análises técnicas prosseguem, o DNIT tem adotado medidas operacionais para preservar a segurança dos usuários e da estrutura:

  • Desvio de caminhões e veículos pesados para a ponte antiga, que opera em sistema de mão dupla;
  • Restrição de tráfego para veículos leves (até limite de peso) na ponte em análise;
  • Sinalização e fiscalização reforçadas, com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) — embora relatos locais indiquem falhas na sinalização e até a destruição de pórticos de limitação por veículos, gerando desafios na fiscalização. Correio de Carajás+1

Essas mudanças têm alterado profundamente a dinâmica de trânsito na região, por vezes ocasionando congestionamentos e maior risco de acidentes neste trecho da BR-230.

Pressões Políticas e Demandas por Cronogramas

A situação chegou a ser tema de discussão na Câmara Municipal de Marabá, onde vereadores exigiram cronograma oficial de ações e maior transparência do DNIT sobre os estudos técnicos, prazos e soluções para restaurar a travessia, citando prejuízos à rotina dos moradores, trabalhadores e comerciantes. Relatos locais apontam que a ausência de um cronograma claro tem agravado o impacto no trânsito e até provocado acidentes na região.

Em resposta, o DNIT detalhou medidas adotadas e informou ter contratado um consórcio especializado para elaborar uma análise técnica conclusiva sobre a ponte, reforçando o caráter preventivo e técnico da operação.

PREVISÕES DE DIAGNÓSTICO E PRAZO

Durante reunião em Brasília envolvendo o diretor nacional do DNIT e parlamentares locais, foi afirmado que o diagnóstico final da situação da ponte deve ser concluído em cerca de 15 dias, a partir do início de dezembro de 2025 — prazo esperado para definir se haverá necessidade de reforços estruturais ou intervenções mais profundas.

Impactos no Trânsito e Acidentes Registrados

A alteração no fluxo na ponte afetou o tráfego diário na cidade e já foi associada a acidentes, incluindo a colisão entre uma motocicleta e um carro no trecho desviado, que resultou na morte de um homem de 43 anos em 30 de novembro de 2025. O acidente ocorreu em um ponto onde o fluxo estava funcionando em sentido contrariado em função da interdição parcial da ponte principal.

CONCLUSÃO

O caso evidencia a complexidade de gerir grandes obras de infraestrutura rodoviária — especialmente quando sinais de deformações estruturais começam a aparecer com o tempo de uso. A atuação do DNIT em Marabá tem buscado equilibrar a segurança dos usuários com a necessidade de manter a trafegabilidade, mas a população e autoridades locais clamam por mais clareza, cronograma e respostas técnicas detalhadas sobre o futuro da ponte central sobre o Rio Itacaiúnas.

Do Jornal PASSAPORTE/Fotos: Reprodução