Bom, na verdade não se trata exatamente de uma nova companhia aérea para nós brasileiros. A Total Linhas Aéreas já existe desde 1988, atuando principalmente no transporte de cargas e em operações regionais. A novidade está na mudança de foco: a empresa pretende iniciar voos regulares de passageiros a partir de 2026.
O plano passa por montar uma estrutura sustentável, aproveitando aeronaves mais adequadas ao perfil regional e estudando aeroportos que possam servir como base estratégica. A ideia é atender não apenas grandes centros, como São Paulo, mas também rotas onde hoje quase não há oferta de voos diretos. O objetivo declarado pela companhia é melhorar a conectividade entre capitais e cidades do interior, um ponto frágil da aviação brasileira que há décadas carece de investimento e planejamento real.
Caso o projeto avance no ritmo previsto e saia do papel em 2026, a Total afirma que pretende ampliar a competição dentro do setor, fortalecer a aviação regional e colocar no mercado novas alternativas de deslocamento para quem viaja pelo país. É um discurso que, se realmente colocado em prática, pode trazer impactos importantes.
E é justamente aqui que entra a minha análise como profissional de turismo há mais de 20 anos: o Brasil precisa urgentemente de mais concorrência aérea. Hoje convivemos com poucas empresas dominando praticamente todo o mercado doméstico, o que resulta em tarifas altas, serviços inconsistentes e escassez de rotas. Quando uma nova companhia entra na disputa, o passageiro ganha — aparecem novas opções, os preços são pressionados para baixo e a qualidade tende a melhorar porque as empresas precisam disputar clientes de verdade, e não simplesmente dividir o mercado entre si.
Ainda faltam informações oficiais sobre rotas, bases e datas exatas, mas só a sinalização de uma operação voltada à aviação regional já é animadora. Se essa proposta realmente se concretizar, 2026 pode marcar o início de uma fase mais justa e equilibrada para quem viaja dentro do país.
Texto: Vitor Vianna
