Uma equipe de TV chega à cidade de Rodelas, no sertão da Bahia, quase na divisa com Pernambuco, para conversar com moradores da região. O pequeno município de sete mil habitantes havia sido inundado por uma barragem do Rio São Francisco, fazendo que sua população fosse obrigada a mudar para outro lugar. Entre tantos meninos brincando na lama, o repórter decide entrevistar o mais desenvolto deles.
Era Wagner Moura, com apenas 11 anos, já dando sinais do carisma que o transformaria, mais de três décadas depois, em um astro do cinema.
Parecia inimaginável que aquele menino, que brincava na lama no interior da Bahia, nos anos 1980, chegasse a Hollywood. E chegou. Cotado para uma indicação ao Oscar de Melhor Ator por “O agente secreto”, o brasileiro foi parar no perfil oficial da Academia no Instagram, na última semana, gerando uma nova onda verde e amarela, repetindo os passos de Fernanda Torres.
REPÓRTER DE FOFOCA
Mas, até se tornar uma estrela internacional, Wagner Moura já foi até repórter de fofoca em Salvador. Formado em Jornalismo, ele teve sua primeira chance na profissão conversando com celebridades no programa “Michele Marie entrevista”, na TV Bahia, comandado pela ex-nora de Antonio Carlos Magalhães, que foi casada com seu filho, Luis Eduardo, que morreu em 1998.
ESTREIA TRAUMÁTICA
No cinema, sua estreia foi em uma coprodução entre Estados Unidos, Brasil e Espanha que ganhou por aqui o título de “Sabor da paixão”. Estrelado por Penélope Cruz, o filme foi uma experiência traumática para Wagner. “Detestei fazer. Vi como o ator secundário é tratado mal. Foi muito mal tratado”, contou ele no extinto programa “Tarja preta”, no Canal Brasil.
NO RASTRO DE SELTON MELLO
O primeiro protagonista no cinema, porém, não demorou a chegar. Três anos depois, ele estrelou “Deus é brasileiro” ao lado de Antonio Fagundes. O que nem todo mundo sabe é que ele só ganhou o papel depois da recusa de Selton Mello.
Por coincidência, outro convite recusado de Selton acabou levando Wagner Moura a fazer seu personagem de maior sucesso na TV. Foi assim que ele virou o boy de “catiguria” de Bebel (Camila Pitanga) na novela “Paraíso tropical”.
ROQUEIRO BAIANO
Paralelamente à profissão de ator, pode-se dizer que ele é um músico nas horas vagas. No início dos anos 1990, ele até criou uma banda chamada Sua Mãe ao lado de seus amigos de faculdade em Salvador. Inicialmente seria um cover da banda inglesa The Cure, mas depois até o estilo Brega entrou no repertório do grupo.
DURO NA QUEDA
Era em uma academia de artes marciais no Recife que Wagner Moura se refugiava quando não estava filmando “O agente secreto”. O intérprete do temido Capitão Nascimento também é duro na queda no tatame. “O cara é brabo! Wagner é massa e muito gente boa, que merece o sucesso que vem conquistando na sua carreira”, elogiou o instrutor pernambucano Max Carvalho.
O ator é faixa marrom no jiu-jítsu e praticante do esporte há 20 anos. Em Los Angeles, nos Estados Unidos, para onde se mudou com a família em 2017, ele segue treinando com instrutores brasileiros.
EM BUSCA DE PRIVACIDADE
A mudança para o exterior não foi apenas uma decisão profissional. Além dos convites para atuar em inglês, existia a busca por mais privacidade para criar os três filhos, Bem, de 18 anos, Salvador, de 14, e José, de 12, do seu casamento com a jornalista e fotógrafa Sandra Delgado.
Com a mulher, Wagner Moura vive um relacionamento que começou, como se diz atualmente, na planta. De colegas de faculdade em Salvador até o tapete vermelho dos festivais pelo mundo, os dois construíram uma longa e sempre discreta história juntos.
Em 2017, depois de mais de 15 anos juntos, Wagner e Sandra oficializaram a união. “Ela sempre me bota no chão, para que eu veja as coisas de uma maneira mais simples. Eu a amo muito e não penso a minha vida sem ela”, disse o ator numa entrevista em 2015. Se a indicação vier, é com ela que o astro do cinema vai desfilar pelo tapete vermelho do Oscar, no dia 15 de março, de 2026.
Do Extra.Globo
