VÍDEOS – Operação mais letal da história do Rio de Janeiro chega a 64 mortos e tem mais de 80 presos

Pelo menos 64 pessoas morreram, sendo quatro policiais e 60 criminosos, durante uma megaoperação realizada nesta terça-feira (28) contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo o governo estadual, esta já é a operação mais letal da história do estado.

A ação, que integra a Operação Contenção, mobiliza cerca de 2,5 mil agentes de segurança, com o objetivo de capturar cerca de 100 criminosos ligados à facção Comando Vermelho. Até a última atualização desta reportagem, 81 pessoas já tinham sido presas.

O confronto começou ainda na madrugada, quando traficantes reagiram com tiros e incendiaram barricadas para impedir o avanço das forças de segurança. Durante o dia, o tráfico organizou represálias em diferentes regiões do Rio, bloqueando vias importantes como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier. Os criminosos também lançaram bombas nos policiais a partir de drones.

Os agentes de segurança mortos foram os policiais civis Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita); e Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna); além dos policiais militares Cleiton Serafim Gonçalves e um segundo identificado apenas como Herbert, ambos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

AULAS SUSPENSAS

Por causa dos desdobramentos da megaoperação policial no Complexo do Alemão e no Complexo da Penha contra facção criminosa no Rio de Janeiro nesta terça-feira (28), aulas foram interrompidas em diferentes níveis de ensino. A Secretaria Municipal de Educação informa que, na região do Alemão, 31 escolas tiveram aulas suspensas. Na Penha, 17 escolas ficaram sem aulas.

Já a Secretaria de Estado de Educação informa que, até o momento, 35 unidades da rede estadual suspenderam as aulas.

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) avisa que as atividades do período noturno nas unidades acadêmicas e administrativas da região metropolitana do Rio também estão suspensas.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) orienta que alunos, professores e funcionários evitem a Ilha do Fundão, onde funcionam a maior parte dos cursos da instituição. Aqueles que estiverem neste momento no principal campus da universidade devem se manter abrigados nos prédios. As aulas noturnas estão canceladas em todos campi da cidade do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias (Baixada Fluminense).

A reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) anunciou o cancelamento de atividades letivas e administrativas presenciais. Conforme nota, o restaurante universitário não vai funcionar para o jantar e o transporte entre os campi funcionará até as 16h30, quando sairá o último veículo na rota circular do Terminal Gentileza. A reitoria recomenda “o abono das faltas do dia devido à dificuldade de acesso aos campi.”

A Universidade Federal Fluminense (UFF) também recomendou a suspensão das aulas e demais atividades acadêmicas hoje; e pede que alunos, professores e funcionários evitem a circulação nas regiões impactadas pelas ocorrências policiais, busquem locais seguros e mantenham-se informados sobre os desdobramentos da operação.

O município do Rio de Janeiro entrou em estágio 2 de atenção, o que significa risco de ocorrência de alto impacto, por conta da operação das polícias Militar e Civil deflagrada nesta terça-feira (28) na região dos complexos da Penha e do Alemão. De acordo com o governo do estado, a ação mobiliza 2,5 mil policiais civis e militares para prender lideranças criminosas e impedir o fortalecimento do Comando Vermelho.

Segundo o Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura do Rio de Janeiro, vias no entorno dos complexos do Alemão, Penha, Chapadão, São Francisco Xavier, na zona norte; Freguesia, em Jacarepaguá; e Taquara, na zona sudoeste, passam por interdições temporárias em função de ocorrências policiais.

COBRANÇAS DE HIPÓCRITAS

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União encaminharam nesta terça-feira (28) ofício ao governador Cláudio Castro solicitando que “informe detalhadamente de que forma o direito à segurança pública foi promovido” na megaoperação policial que até agora resultou na morte de 64 pessoas, quatro delas policiais.

O órgão do Ministério Público Federal (MPF) pede que o governador explique:

  • as finalidades da operação;
  • os custos envolvidos;
  • a comprovação da inexistência de outro meio menos gravoso de atingir a mesma finalidade.

O MPF também quer saber se foram cumpridas as exigências do Supremo Tribunal Federal (STF) descritas na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecido como “ADPF das Favelas”, que estabeleceu parâmetros para a elaboração do plano de redução da letalidade policial apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro à corte.

Especificamente, o Ministério Público quer que o governador apresente “documentação comprobatória” de que acatou o STF nos seguintes pontos:

  • Prévia definição do grau de força adequado e justificativa formal da operação;
  • Atuação dos órgãos periciais para realização de perícia e identificação de vestígios de crimes;
  • Uso de câmeras corporais e câmeras nas viaturas;
  • Existência e apresentação ao público de relatório detalhado da operação;

O ofício é assinado pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão adjunto Julio José Araujo Junior e pelo defensor regional de Direitos Humanos, Thales Arcoverde Treiger.

Operação mais letal

O número de mortos na operação chega a 64, o maior registrado em uma ação policial no estado. Ao todo, 2,5 mil policiais civis e militares foram mobilizados em ações nos complexos do Alemão e da Penha, para capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.

O balanço parcial registra ​81 presos, ​72 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização.

Em retaliação, criminosos usaram ônibus sequestrados como barricadas e ordenaram o fechamento do comércio em diversas áreas da cidade, causando medo e transtornos para moradores de praticamente todo o município.

LEVANDOWISK LAVA AS MÃOS

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse, na tarde desta terça-feira (28), que não recebeu pedido do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para apoio à Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha. O estado confirmou mais de 60 mortes até o momento.

“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem, nem hoje, absolutamente nada.”

Ele acrescentou que nenhum pedido do governador Cláudio Castro foi negado. O ministro qualificou a operação de “cruenta” em vista das mortes de agentes de segurança pública e de inocentes.

O ministro lembrou que, recentemente, no começo deste ano, o governador do Rio esteve no Ministério da Justiça e Segurança Pública pedindo a transferência de líderes das facções criminosas para penitenciárias federais de segurança máxima. “Foi atendido. Nenhum pedido foi negado”, reforçou.

Em entrevista à imprensa na tarde de hoje, o ministro avaliou que não era o momento de analisar a operação. “Não posso julgar porque não estou sentado na cadeira do governador”, afirmou, lamentando as mortes ocorridas.

“Quero apresentar a minha solidariedade às famílias dos policiais mortos, e minha solidariedade às famílias dos inocentes que também pereceram nesta operação. Ainda me colocar à disposição das autoridades do Rio para qualquer auxílio que for necessário.”

Ao falar sobre a Operação Contenção, o governador Cláudio Castro cobrou mais apoio do governo federal no enfrentamento às organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro. Segundo Castro, o estado está atuando “sozinho nesta guerra”.

Defesa da PEC

Também nesta tarde, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, disse, por rede social, que os violentos episódios no Rio de Janeiro ressaltam a urgência da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso Nacional.

Para ela, ficou evidente a necessidade de articulação entre forças de segurança no combate ao crime organizado. “Também ficou demonstrada a necessidade de que as ações sejam precedidas de operações de inteligência, inclusive inteligência financeira, para que obtenham sucesso, como vimos na Operação Carbono Oculto.”

VIAS LIBERADAS

O Centro de Operações e Resiliência (COR), órgão da prefeitura do Rio de Janeiro, informou que nove pontos e vias que estavam interditados foram liberados após ocorrências policiais. A capital fluminense vive um dia de caos, após megaoperação deflagrada pelas polícias Civil e Militar nos complexos do Alemão e da Penha, zona norte da cidade  

De acordo com o COR, foram  liberados os seguintes pontos:

  • Avenida Brasil, pista lateral, altura do BRT Guadalupe, sentido Zona Oeste, em Guadalupe
  • Avenida Brasil, altura de Fazenda Botafogo, sentido Centro, em Barros Filho
  • Avenida Pastor Martin Luther King Junior, no Engenho da Rainha
  • Avenida Brasil, ambos os sentidos, em Benfica
  • Avenida Brasil, altura da saída da Ilha do Governador, sentido Centro, na Maré
  • Avenida Paulo de Frontin, na altura da Rua do Bispo, sentido Centro
  • Praça Marechal Hermes, na altura do INCA, no Santo Cristo
  • Avenida Brasil, altura do Piscinão de Ramos, sentido Centro, na Maré
  • Av. Brasil, altura de Bonsucesso, sentido Zona Oeste

Permanece interditada a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá no sentido Jacarepaguá, por conta de uma ocorrência policial.

Metrô

Ao longo do dia, mais de 50 ônibus foram utilizados como barricadas durante a Operação Contenção. Mais de 120 linhas tiveram itinerários impactados, segundo a Rio Ônibus. Em razão da falta de ônibus em vários pontos na cidade, as estações do Metrô encontram-se lotadas de passageiros à espera dos trens

A concessionária MetrôRio informou, em nota, que na tarde de hoje a circulação das linhas 1, 2 e 4 operou normalmente. Foi reforçado o número de trens e grade horária para atender os clientes.

Confira os vídeos abaixo:

https://www.instagram.com/reel/DQXeqUFEvaL/?igsh=MTdpYW0zMmZkbDlzaA%3D%3D

https://www.instagram.com/reel/DQXLzLakR2K/?igsh=MWZlczM2bjZib2NlMw%3D%3D

Da Agência Brasil e Pleno.News