Hamas faz execuções públicas e briga com facções pelo poder durante vacância no governo

O grupo terrorista palestino Hamas tem usado o cessar-fogo estabelecido, pela primeira fase do acordo de paz e o processo de retirada das tropas israelenses, para buscar restabelecer seu controle na Faixa de Gaza. Desde a assinatura do tratado, a organização vem entrando em confronto com facções palestinas rivais em diversas partes do enclave, evidenciando uma disputa de poder na região.

Nesse cenário, o Hamas tem recorrido a demonstrações de força para reafirmar sua autoridade. Em diferentes cidades de Gaza, homens encapuzados, alguns dos quais com faixas verdes – símbolo do grupo -, realizaram execuções em praças públicas diante de dezenas de testemunhas. As cenas, registradas em vídeo, foram divulgadas em perfis oficiais ligados ao Hamas.

Segundo informações da Agence France-Presse (AFP), o grupo terrorista iniciou, logo após a assinatura do acordo de paz, uma operação a fim de reocupar as zonas de onde as Forças de Defesa de Israel (FDI) estão se retirando. A ação inclui a mobilização de 7 mil combatentes das Brigadas Izzedine al-Qassam, braço armado da organização.

Além disso, foi criado um corpo de segurança do Hamas intitulado Força de Dissuasão. A justificativa seria realizar “operações de campo” visando a “segurança e estabilidade”, a fim de restaurar a ordem e a lei.

Na prática, porém, combatentes do Hamas têm se envolvido em choques diretos com outros grupos armados.

Na terça-feira (14), confrontos foram registrados no distrito de Shejaiya, no leste da Cidade de Gaza. No fim de semana anterior, o grupo entrou em conflito com o clã Dughmush, resultando em mais de 20 mortos.

Segundo a emissora al-Aqsa, ligada ao próprio Hamas, as execuções públicas foram justificadas como punição a criminosos e supostos espiões a serviço de Israel.

O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007 – quando expulsou o Fatah do enclave -, mas tem em sua lista de rivais uma série de grupos armados e clãs familiares. O governo israelense já admitiu, em junho deste ano, ter fornecido armas para parte dos clãs opositores, como parte dos esforços para enfraquecer a organização. Um dos grupos beneficiados seria a Força Popular, liderada por Yasser Abu Shabab.

Sem uma autoridade formal no comando da Faixa de Gaza, a população permanece vulnerável — não apenas às disputas de poder entre facções, mas também à ação de ladrões e outros criminosos. O plano de paz proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevê a formação de um governo palestino tecnocrático para administrar o território.

No entanto, a implementação do projeto ainda é incerta e depende do avanço das etapas iniciais, que incluem a devolução dos corpos de todos os reféns mortos no enclave e esbarra na dificuldade de localizar os restos mortais.

Do Pleno.News