ONG Mais Diferenças promove evento para formar mediadores de leitura inclusiva no Norte do Brasil

CURSO QUE ACONTECEU HOJE, DE FORMA ONLINE E GRATUITA, É VOLTADO À FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA PARA PESSOAS COM E SEM DEFICIÊNCIA

 

A leitura é uma das ferramentas mais potentes de emancipação social e construção de subjetividades. No entanto, seu acesso ainda é profundamente desigual em um país como o Brasil, onde barreiras econômicas, geográficas e de acessibilidade limitam a participação plena de milhões de pessoas nos circuitos literários. Diante desse cenário, a formação de profissionais mediadores de leitura com uma perspectiva inclusiva e comprometida com a diversidade é não apenas urgente, mas essencial para garantir o direito à leitura para todas as pessoas — com e sem deficiência.

É com esse horizonte que a ONG Mais Diferenças promoveu, nesta terça-feira, 12, o evento online e gratuito “Formação de Mediadores de Leitura para Pessoas com e sem Deficiência”, com foco especial na região Norte do Brasil.

O encontro é mais uma oficina do projeto “Páginas abertas: livros para diferentes formas de ler” e conta com patrocínio do banco Citi, por meio da Lei de Acesso à Cultura.

Segundo Carla Mauch, coordenadora da Mais Diferenças, o evento foi uma oportunidade para fortalecer a atuação de profissionais que desejam promover a leitura como direito humano fundamental.

“A mediação de leitura acessível é uma prática potente de inclusão, porque reconhece e valoriza os diferentes modos de ler o mundo. Ao formar mediadores conscientes, criamos caminhos para que crianças, jovens e adultos com e sem deficiência possam compartilhar o prazer da leitura, em pé de igualdade”, afirma.

A iniciativa dialoga com uma concepção ampla de leitura, que vai além da decodificação de palavras. Ler é também acessar mundos, ampliar repertórios, afirmar identidades e reconhecer as diferenças como valor. Para tanto, é fundamental que a mediação de leitura seja feita por profissionais preparados para acolher e envolver públicos diversos, incluindo pessoas com deficiência intelectual, visual, auditiva, física e múltipla, respeitando seus ritmos, modos de comunicação e experiências de mundo.

“A acessibilidade não pode ser pensada como um complemento ou uma adaptação posterior. Ela precisa estar presente desde o início, na concepção das ações culturais e educativas. Só assim garantimos o pleno exercício do direito à leitura para todas as pessoas”, reforça Carla.

O evento promovido pela Mais Diferenças parte justamente desse princípio: a inclusão como base e não como exceção. A formação de mediadores precisa contemplar não apenas os aspectos técnicos da acessibilidade — como o uso de materiais em braille, Libras, audiodescrição e tecnologias assistivas —, mas também o desenvolvimento de uma escuta sensível, de repertório crítico e de práticas que desafiem o capacitismo ainda presente em muitas estruturas sociais e educacionais.

Ao direcionar suas ações para a região Norte, a ONG também chama atenção para a urgência de descentralizar os investimentos culturais e de garantir que populações historicamente marginalizadas, como comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas e urbanas periféricas, tenham acesso efetivo ao direito à leitura em todas as suas dimensões. A escolha do formato online e gratuito é uma estratégia que busca ampliar o alcance da ação e superar barreiras de deslocamento e custo.

Mais do que uma capacitação pontual, o evento se insere em uma trajetória da Mais Diferenças que, há quase duas décadas, atua na promoção da educação inclusiva e do acesso à cultura por meio de práticas inovadoras e de base nos direitos humanos. Trata-se de um trabalho que aposta na potência dos livros, das histórias e das palavras como pontes entre mundos diversos — e como instrumentos de transformação social.

Para Carla Mauch, o papel do mediador é também político e afetivo: “Cada leitura compartilhada é um gesto de escuta, de construção de vínculos e de fortalecimento da cidadania. Por isso, a formação de mediadores acessíveis não é apenas uma questão técnica, mas um compromisso com a justiça social”.

A formação de mediadores de leitura acessível é, portanto, um compromisso ético com a equidade. É reconhecer que cada leitor, com ou sem deficiência, tem o direito de se ver representado, de ser protagonista de suas leituras e de fazer parte de uma comunidade leitora que valoriza as diferenças. Iniciativas como esta, promovidas pela Mais Diferenças, nos mostram que é possível — e necessário — construir um Brasil leitor que seja também, verdadeiramente, um Brasil para todas as pessoas.

SOBRE A MAIS DIFERENÇAS

Criada em 2005, a Mais Diferenças é uma organização da sociedade civil que atua na promoção da educação e da cultura inclusivas, com foco na acessibilidade e na garantia dos direitos das pessoas com deficiência. Reconhecida como OSCIP e Entidade Promotora de Direitos Humanos pelo Ministério da Justiça, desenvolve projetos em parceria com setores públicos, privados, universidades e organizações nacionais e internacionais. Saiba mais em: maisdiferencas.org.br

Fonte e imagem: Agência Pauta Social