“Nós estamos aqui hoje com um propósito: dizer que o Global Citizen, sem dúvida alguma, é um grande holofote para que nós possamos mostrar a Amazônia real e buscar parceiros para enfrentar esses desafios e, principalmente, desenvolver a cidade e a região com sustentabilidade e justiça climática. Hoje é um grande momento. Sem dúvida alguma, Belém passa a ser a capital da Amazônia de fato e de direito”.
Com essas palavras, o prefeito de Belém, Igor Normando, saudou os participantes do Global Citizen NOW: Amazônia, na abertura do evento, na manhã desta quinta-feira, 24, no teatro Maria Sylvia Nunes, da Estação das Docas.
O prefeito também destacou que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), a ser realizada em novembro na capital paraense, será um momento extraordinário de discussão das mudanças e da resiliência climáticas e, sobretudo, do mundo que todos querem no futuro, mais sustentável e igual para todos.
Ele disse ainda que, para Belém, a COP 30 não é apenas a discussão climática ou o que deixará de legado de obras, de infraestrutura, saneamento e, principalmente, a construção de novas vocações econômicas, seja através do turismo ou de produtos da floresta, da bioeconomia e da sustentabilidade.
“Mais do que isso, para Belém, o legado vai ser fundamental, principalmente, para que o nosso povo e a nossa cidade possam entrar no mapa do planeta, para que o planeta possa conhecer a Amazônia de verdade, a Amazônia real, dos povos, que muitas das vezes sofridos resistem e fazem com que a nossa cultura e a nossa floresta continuem de pé”, afirmou o prefeito Igor Normando.
Antes, a cantora indígena, jornalista e ativista Djuena Tikuna, acompanhada dos artistas indígenas Diego Janatã e Totchimaucũ Tikuna, entoou uma canção com o tema “Nós somos a floresta”, emocionando a plateia.
O Global Citizen NOW: Amazônia é promovido pela Global Citizen, uma organização internacional de defesa de direitos para acabar com a pobreza extrema. O evento reúne líderes indígenas, ativistas ambientais de toda a Amazônia e representantes de organismos governamentais.
“Acabar com o desmatamento e reduzir a dependência de combustíveis fósseis é essencial para todo o planeta, mas para mim é algo muito pessoal. A Amazônia é apenas um dos ecossistemas mais importantes do mundo, quando a gente fala sobre a questão climática global. Ela também é o lar de mais de 40 milhões de pessoas, incluindo povos indígenas, comunidades quilombolas, tradicionais, ribeirinhas e comunidades locais. À medida que o desmatamento empurra a nossa casa para um ponto de não retorno, a gente não precisa só ouvir, a gente tem que agir”, defendeu o comunicador e ativista indígena José Kaeté, que se considera “um filho orgulhoso do Pará e da floresta”.
Campanha pretende arrecadar 1 bilhão de dólares
O foco do encontro é a busca de soluções locais para proteger a floresta tropical e apoiar as comunidades, ampliando as vozes dos líderes amazônicos e conectando as prioridades locais aos tomadores de decisão internacionais, assim como influenciar os resultados da COP 30.
Também se propõe a amplificar as vozes das comunidades locais e indígenas da Amazônia para o mundo antes do Global Citizen Festival: Amazônia, previsto para 1º de novembro, no estádio Mangueirão.
A reunião ainda visa impulsionar a campanha de arrecadação de US$ 1 bilhão de dólares para proteger a floresta e reflorestar as áreas amazônicas degradadas. “Nós trabalhamos com líderes do setor privado no Brasil e fora de dele, para ajudar a mobilizar US$ 1 bilhão e novos investimentos para a Amazônia. Nós promovemos os chamados para proteção dos territórios indígenas, lado a lado com as comunidades que estão na linha da frente. Cobramos que os países mais ricos invistam em mecanismos que protejam tanto a floresta quanto os povos que vivem nela”, informou Diego Scotti, membro do Conselho da Global Citizen.
Scotti disse ainda que, junto com as organizações parceiras, a Global Citizen já começou a captar recursos para sete projetos, que vão gerar impacto de longo prazo para a região amazônica e gerar modelos que podem ser realizados em escala global.
“A campanha já mobilizou mais de 2 milhões de ações no Brasil e no mundo inteiro, mostrando a força desse movimento e a liderança do povo brasileiro”, comemorou Diego Scotti.
TRÊS PRIORIDADES DEFINIDAS
Os organizadores do Global Citizen NOW definiram para as discussões, por todo o dia, três prioridades. A primeira é a mobilização de novos investimentos para proteger e restaurar a Amazônia, incluindo o apoio aos direitos indígenas à terra e o reconhecimento formal dos territórios tradicionais. Em seguida, a garantia de compromissos para eliminar, gradualmente, os combustíveis fósseis e expandir a energia renovável, proporcionando uma transição que proteja os trabalhadores e as comunidades. E por fim, o repasse do financiamento climático de países e setores de alta emissão de gases poluidores, para ajudar as comunidades vulneráveis a desenvolverem a capacidade de se adaptar aos impactos climáticos e superar situações adversas.
“Hoje, eu saio daqui com a certeza e com a clareza de que nós estamos rompendo, sem dúvida, algumas barreiras para levar ao mundo a nossa mensagem. A mensagem de preservação, a mensagem de que é fundamental fazer as discussões necessárias para que a gente possa avançar, principalmente, no que diz respeito à bioeconomia, à floresta em pé como ativo econômico, mas, sobretudo, fazendo com que acenda no coração de cada cidadão amazônida essa esperança de que finalmente vão olhar para nós do jeito que nós merecemos, com respeito, com solidariedade e com gratidão”, finalizou o prefeito Igor Normando.
Por Álvaro Vinente/Agência Belém