Construída em 1996, a Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, no coração da Ilha de Caratateua, no distrito de Outeiro, é muito mais do que um prédio escolar. É símbolo de resistência, de conexão com a floresta e da concretização de sonhos que atravessam gerações. Mas em quase três décadas de funcionamento jamais passou por uma reforma geral. Agora, esse cenário começa a mudar.
Na manhã da terça-feira (15), o prefeito de Belém, Igor Normando, assinou a ordem de serviço (OS) que autoriza o início das obras de requalificação da escola. Um momento histórico, celebrado com emoção por toda a comunidade escolar. O investimento ultrapassa R$ 6 milhões e representa um novo marco para a educação da capital paraense.
A transformação vai além da reforma dos prédios escolares. A Escola Bosque passará a ser bilíngue e contará com climatização e internet de alta velocidade da Starlink.
“Vamos revitalizar todas as salas de aula, climatizar, colocar novas carteiras, armários, tudo isso para dar mais dignidade aos estudantes. É o maior investimento já feito aqui desde a sua fundação. Tudo isso para fortalecer o aprendizado e manter vivo esse projeto que é referência nacional em educação ambiental”, destacou o prefeito Igor Normando.
A obra prevê revisão completa dos telhados, substituição da rede elétrica e hidráulica, pintura geral, revitalização de espaços e nova comunicação visual com foco em acessibilidade. Salas de aula e ambientes externos vão passar por transformações profundas para garantir mais conforto, segurança e funcionalidade, com climatização e implantação de internet rápida.
“A gente está falando não só de uma manutenção na escola. São duas frentes: primeiro, ela carece de uma manutenção adequada, pois há muitos espaços degradados. E segundo, vamos fazer uma reforma geral. Queremos que as praças e os parques, por exemplo, deixem de ser espaços esquecidos e passem a ter utilidade real no processo de aprendizagem. Entender que a estrutura física é importante é reconhecer que, sem alunos e professores, nada funciona. Então, garantir um espaço adequado é valorizar esses dois pilares. O professor precisa de uma boa sala, mas também de uma sala dos professores confortável. Estamos falando de uma escola com 12 hectares. Todo esse território precisa estar integrado ao projeto pedagógico e ao currículo escolar. Aprender acontece dentro e fora da sala”, completou o secretário municipal de Educação, Patrick Tranjan.
Hoje, a Escola Bosque atende alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI). São 1.337 estudantes do ensino regular e 197 da educação especial. Com forte vínculo com o território e o meio ambiente, a unidade é referência em práticas pedagógicas inovadoras. Para a gestora da escola, a requalificação é uma conquista para além dos muros.
“Essa reforma é muito importante para a comunidade escolar e para todo esse território. Desde a inauguração, nunca tivemos uma reforma tão ampla. Foram feitas pequenas manutenções, construídos ou reformados alguns espaços, mas nada comparado ao que está por vir agora. É uma conquista da Ilha de Caratateua e das comunidades vizinhas que confiam seus filhos à Escola Bosque”, afirmou a gestora escolar Aline Rodrigues.
“É um momento histórico. Reestruturar esses espaços traz conforto para o processo de ensino e aprendizagem. Não se trata apenas do conteúdo em si, mas do ambiente em que ele é vivenciado. O barulho, a ventilação, o conforto térmico… tudo isso impacta diretamente no aprender e no ensinar. Trazer essa obra é maravilhoso pra gente”, reforçou.
Mais dignidade: merenda com açaí e transporte escolar
Durante a cerimônia, o prefeito Igor Normando também anunciou novas iniciativas que vão além da reforma estrutural e buscam garantir mais dignidade e permanência dos alunos na escola. Uma das novidades é a inclusão do açaí na merenda escolar, reforçando a oferta de um cardápio mais nutritivo e valorizando um alimento tradicional da cultura paraense.
Outra medida importante é a implantação do transporte escolar para os alunos do turno da noite, garantindo segurança e acesso ao ensino para quem enfrenta os desafios do deslocamento em horários mais difíceis.
“Vamos garantir um cardápio mais nutritivo, com açaí na merenda escolar, e ônibus para quem estuda à noite e precisa vir até a Escola Bosque”, afirma o prefeito.
A estudante Vitória de Nazaré dos Santos Soares, de 18 anos, está em seu último ano na Escola Bosque, onde estuda desde a educação infantil. Há 14 anos vivendo a rotina da unidade, ela acompanhou de perto os desafios e agora celebra esse novo momento com entusiasmo:
“Minha expectativa é grande demais. Esperei muito por essa reforma, então é gratificante ver coisas novas acontecendo aqui. Como o prefeito falou, que ela realmente aconteça e que a continuidade da educação nunca mude, que siga firme. Estou muito feliz e, ao mesmo tempo, nervosa… porque a gente cria expectativas com os professores, com a estrutura, com o nosso futuro. A Escola Bosque é referência, ainda mais agora com a COP 30. Merece estar pronta para isso.”
Pacote educacional: outras 10 unidades com obras
A requalificação da Escola Bosque faz parte deum pacote maior: outras 10 unidades de ensino da rede municipal também estão sendo contempladas com obras de grande porte. Duas delas já foram entregues à população.
“Estamos começando por essas 10 escolas mais urgentes, que estavam em condições extremamente precárias. Mas o nosso planejamento é chegar a 20 escolas com intervenções robustas até o fim do ano. Nossa rede passou muitos anos abandonada. O que existia antes eram reformas paliativas: pintura, troca de telhas… Agora, estamos falando de trocar toda a estrutura do telhado, redes hidráulica e elétrica, banheiros. É uma reforma para garantir a durabilidade da escola ao longo do tempo”, disse Tranjan.
Da Agência Belém