Cacau paraense é a vedete no Festival Internacional do Chocolate Fino da Amazônia, em Altamira

Responsável pela plantação do seu próprio cacau, transformado em chocolate no seu empreendimento Bada Chocolates Fino da Amazônia, Fernanda Sahaba e o também produtor de amêndoas, Antônio Sena, têm em comum não apenas o ofício, mas também a certeza de estarem participando do maior evento voltado à cacauicultura da região de influência da Rodovia Transamazônica (BR-230), no oeste paraense.

Como eles, outros 200 produtores de cacau e empreendedores do chocolate participam da 4ª edição do Festival Internacional do Chocolate e do Cacau, aberto oficialmente na quinta-feira (26), com a presença do governador Helder Barbalho.

Até o próximo domingo (29), são esperados cerca de 140 mil visitantes no Centro de Eventos Vilmar Soares, que recebe o Chocolate Xingu – como também é denominado o evento internacional -, uma realização da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e das Pesca (Sedap) e Prefeitura Municipal de Altamira.

ORGULHO

O governador, que visitou todos os estandes do evento, no Centro de Eventos, e conferiu de perto o que é produzido no Pará a partir do cacau, disse que a cacauicultura e seus produtores são motivo de orgulho ao Pará. Somente na região da Transamazônica, informou o chefe do Executivo, é produzida a maior parte  do cacau do Pará, sendo o município de Medicilândia o maior produtor estadual.

“O Brasil produz 287 mil toneladas de cacau. Desse total, 154 mil foram produzidas no Pará.  Consolidação clara do Pará como maior produção do Brasil. Conseguimos bater a meta, e temos a maior produtividade do Brasil, superando o Estado da Bahia. Graças à assistência técnica, o Pará se destaca nessa produção. Eu parabenizo órgãos como a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), a Sedap, Adepará (Agência de Defesa Agropecuária) e secretarias municipais. Se hoje o Pará é o que é, deve muito à região do Xingu, que foi o berço disso tudo”, destacou o governador.

Ele citou outras culturas em que o Pará se destaca, como abacaxi, dendê e açaí, além de manter o segundo maior rebanho pecuário. “A integração pecuária, lavoura e floresta é muito importante. O cacau e o açaí são importantes, geram renda. O cacau é uma das principais estratégias para restaurar áreas degradadas. É a melhor amêndoa do Brasil”, reforçou.

Na avaliação da vice-governadora Hana Ghassan, o evento é muito importante para a região. Segundo ela, que parabenizou os organizadoras do evento, “estamos mostrando ao mundo que o Pará tem a maior produtividade de cacau, com amêndoas premiadas e o melhor cacau do mundo”.

VITRINE

Para os produtores, como Fernanda Sahaba e Antônio Sena, que moram fora do maior polo de produção de cacau do Estado – ela é de Santa Bárbara do Pará (Região Metropolitana de Belém), e ele de Igarapé-Miri (na Região de Integração Tocantins) – participar do Festival no Xingu é um estímulo e uma vitrine para mostrar ao público da região o cacau produzido em seus municípios de origem.

“É, principalmente, um aprendizado para nós, que estamos aqui pela segunda vez aprendendo e participando desse intercâmbio cultural”, disse Fernanda, que pelo segundo ano consecutivo participa da programação, graças ao incentivo dado por meio dos recursos do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Pará (Funcacau), que injetou R$ 1,2 milhão na realização do Chocolate Xingu.

AGROFLORESTAL

O secretário de Estado de Desenvolvimento agropecuário e da Pesca, Giovanni Queiroz, que preside o Conselho Gestor do Funcacau, e foi um dos incentivadores do evento Chocolate Xingu, ressaltou que o cacau da região, como ocorre em outras regiões de Integração, é produzido em Sistemas Agroflorestais (SAFs), responsável pela preservação de áreas antes desmatadas. Essa prática, acrescentou o secretário, é a diretriz do Programa Territórios Sustentáveis (PTS), executado dentro das ações da Sedap.

“Nós contamos com um Fundo voltado especificamente ao desenvolvimento dessa cultura no Pará. É por meio do Funcacau que levamos e estimulamos nossos produtores a participar de eventos nacionais e internacionais. Temos aqui, nessa região, produtores premiados, e cada vez a qualidade dessa amêndoa é reconhecida internacionalmente”, informou Giovanni Queiroz.

Um dos produtores da região da Transamazônica premiado é Robson Brogni, que em seu estande no Festival oferece ao público produtos oriundos de amêndoas cuja qualidade é reconhecida dentro e fora do Brasil. No concurso de melhor chocolate realizado na Feira do Chocolate e do Cacau, em Belém, no início deste mês, ele ganhou três premiações. “Nossa expectativa é grande. A gente acredita que este Festival trará muitos frutos, e achamos que será um dos melhores que já participamos”, disse o produtor.

O prefeito Loredan Mello espera “que o evento valorize o trabalho de quem produz, que movimenta a economia da região, pois é uma vitrine e uma ferramenta estratégica para gerar oportunidades e desenvolvimento na região”. O prefeito lembrou os investimentos do governo estadual na realização do evento – cerca de R$ 2 milhões, fortalecendo a parceria entre governo e prefeitura.

VERTICALIZAÇÃO

Após a abertura oficial, o governador Helder Barbalho destacou, em entrevista coletiva, a importância do evento, os investimentos e o incentivo para a verticalização da produção cacaueira, sobretudo na Transamazônica. Ele disse ainda que o cacau tem se destacado ao restauro do solo, e mencionou os desafios da verticalização. “O Estado não quer só produzir e exportar amêndoas, mas estimular a verticalização, o estímulo à fabricação em todo o seu ciclo até a comercialização do chocolate. Para isso, o Funcacau e o Banpará-Bio têm sido fundamentais para uma produção de cacau mais forte”, completou o governador.

O chefe do Executivo falou ainda que a expectativa em relação ao Chocolate Xingu é grande, já que o evento deve gerar uma movimentação financeira de R$ 10 milhões.

O Festival Internacional do Chocolate e do Cacau está só começando, destacou Ivaldo Santana, coordenador do evento pela Sedap. “Esse será o maior encontro que já ocorreu na região. Temos mais de 100 estandes aqui. Tragam suas famílias e amigos, pois o que nós podemos dizer, com certeza, que quem virá, sairá daqui com vontade de voltar”, garantiu.

Da Agência Pará