“Essa ação de saúde é muito boa. Eu não tenho ninguém aqui, fico na rua a maior parte do tempo, e a Casa Rua é um suporte maravilhoso pra quem vive assim”. O depoimento é de Tatiara Rodrigues, de 45 anos, do interior do Pará, que encontrou no Arraiá da Esperança não apenas uma dose da vacina contra a gripe, mas também acolhimento e dignidade.
A iniciativa realizada na terça-feira, 24, na Casa Rua, localizada na rua João Diogo, bairro da Campina, foi a primeira ação integrada da Prefeitura de Belém voltada para saúde e prevenção ao uso de álcool e outras drogas, com foco em pessoas em situação de rua.
A ação reuniu esforços de diferentes secretarias e programas municipais, como a Secretaria Executiva de Políticas de Prevenção e Combate às Drogas, Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e os programas Consultório na Rua, Melhor em Casa, Referência em Saúde Mental e Agentes de Bem-Estar Social.
Mais de 100 pessoas foram atendidas com serviços como vacinação, testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites, além da coleta de escarro para diagnóstico de tuberculose — uma das principais preocupações sanitárias identificadas pela equipe na rotina de visitas ao espaço.
Para Rosa Claudia, titular da Secretaria Executiva de Políticas Públicas de Prevenção e Combate ao Álcool e Drogas, ações como esta representam a materialização de uma política pública que escuta e respeita a voz da rua. “A gente quer escutar os anseios, o que incomoda, o que inquieta. Queremos fomentar políticas públicas efetivas, que garantam direitos humanos e saúde para quem mais precisa. Quando visitamos a Casa Rua, vimos muitos casos de tuberculose. A saúde dessas pessoas está fragilizada. E esse lugar e esse tipo de ação dão dignidade a essa população”, destacou.
Além do atendimento médico, o espaço foi preenchido por momentos de escuta e diálogo. A roda terapêutica com psicóloga proporcionou um espaço seguro para compartilhamento de vivências e construção coletiva de estratégias de cuidado.
Sérgio Raiol, 61, que vive nas ruas de Belém há mais de dois anos, foi um dos participantes. “Sempre que tem ação de saúde eu participo. Isso ajuda muito a gente. Ter alguém que olha por quem não tem onde viver, é importante”, disse, logo após participar da roda de conversa, e aguardava para realizar os testes rápidos.
O Arraiá da Esperança distribuiu mingau e ofertou serviços de saúde, mas também teve como objetivo apresentar o modelo de atenção da Prefeitura de Belém para a população vulnerável e reforçar a integração entre saúde, assistência social e direitos humanos como base de uma cidade mais justa.
“Esse é o SUS que a gente acredita, chegando até quem mais precisa”, concluiu Rosa Claudia. A expectativa agora é de que novas ações como essa ocorram com regularidade, fortalecendo a rede de cuidado para quem mais precisa ser visto.
Da Agência Belém