Nesta segunda-feira (16), o Banco Central (BC) lança, de forma oficial, o Pix automático. A modalidade já estava liberada no Banco do Brasil (BB) há algumas semanas. Agora, estreia em todas as demais instituições financeiras do Brasil.
Nova modalidade: Pix automático
- Essa modalidade é um recurso de pagamento recorrente que usa, como base, o tipo de transferência instantânea;
- Esse novo sistema se assemelha ao débito automático. Ou seja, mensalidades fixas, como escola, academia, água e luz, poderão ser programadas para pagamento recorrentecom Pix;
- E, de fato, o BC quer aposentar o débito automáticoe o boleto de cobrança mensal. Portanto, chega de carnês!
- Todas as empresas que queiram aderir ao sistema precisam abrir parceria com os bancos, contudo o sistema é considerado mais fácil;
- O cobrador poderá, ainda, habilitar o Pix automático via QR Codes. Da mesma forma, é ele quem precisa definir a data de pagamento, que costuma ser discutido e avisado com antecedência;
- Por sua vez, o cliente pode usar o app do banco para gerenciaro Pix automático, do mesmo jeito que ocorre hoje com o débito automático.
No BB, serão duas funções exclusivas: agendamento de cobranças com até 90 dias (os demais deverão liberar dez dias, no máximo) e o recebimento de valores em até seis contas diferentes. Em outras instituições financeiras, o Pix automático deve chegar em 16 de junho.
Pix: verdadeiro case de sucesso
O Pix se tornou modelo global para pagamentos digitais e é, hoje, considerado um caso de sucesso internacional em sistemas de pagamentos em tempo real. No Brasil, sua adoção por lojistas para compras online tem crescido rapidamente, consolidando-se como o principal método de pagamento no comércio eletrônico em 2024.
Segundo dados do BC e análises da Payments and Commerce Market Intelligence (PCMI), o Pix atingiu participação de 40% no volume de transações do e-commerce brasileiro, superando, inclusive, os cartões de crédito nacionais, que representaram 34% das transações. Com isso, o Pix se tornou o método de pagamento mais utilizado no país para compras online.
Em termos gerais, o desempenho do Pix em 2024 é impressionante: foram registradas 57 bilhões de transações, movimentando um volume de US$ 3,8 trilhões (R$ 21,06 trilhões, na conversão direta). Aproximadamente 75% da população brasileira já utiliza o sistema.
“Antes do Pix, transferências e pagamentos dependiam de boletos com compensação em dias úteis ou DOCs e TEDs com limite de horário, por exemplo. O Pix transformou o ecossistema financeiro brasileiro ao criar uma alternativa a esses processos burocráticos, lentos e custosos, oferecendo uma solução de pagamento instantânea, acessível 24/7 e com liquidação imediata”, aponta Marcos Nicolau, diretor antifraude do Efí Bank.
“O Pix transformou radicalmente a forma como o brasileiro se relaciona com o dinheiro. Ele tornou os pagamentos mais rápidos, acessíveis e seguros, eliminando barreiras de tempo e espaço, e simplificando a experiência de pagamentos digitais. Hoje, é comum vermos desde grandes empresas até pequenos vendedores de rua usando o Pix como principal forma de recebimento”, explica Murilo Rabusky, diretor de Negócios na Lina Open X.
“Acreditamos que o Pix não só democratizou o acesso ao sistema financeiro, como abriu um novo capítulo da digitalização no Brasil.”
Dados do BC referentes a novembro de 2024 mostram que o sistema já acumula 817 milhões de chaves cadastradas, 547 milhões de contas e 182 milhões de usuários.
“A informatização dos meios de pagamento tem sido a base para a modernização do sistema financeiro, tornando-o mais ágil, seguro e inclusivo. Isso proporciona mais autonomia e facilidade aos usuários, com uma experiência de uso significativamente superior”, destaca Nicolau.
“Embora o Banco Central tenha desenhado o Pix com metas de crescimento, poucos previam o grau de adesão e disrupção que ele provocaria”, reconhece. “A combinação de usabilidade simplificada, gratuidade para o usuário final e integração via API para empresas criou o cenário ideal para sua adoção.”
“A informatização dos pagamentos não é só importante, ela é essencial para garantir agilidade, rastreabilidade, transparência e segurança nas transações“, afirma Rabusky.
“Os meios tradicionais, como o dinheiro em espécie ou cheques, além de menos eficientes, são mais suscetíveis a fraudes e operações informais. No ambiente digital, é possível integrar serviços, gerar dados em tempo real e proporcionar experiências mais inteligentes e automatizadas, tanto para o consumidor quanto para os negócios. É um passo fundamental para um ecossistema financeiro mais moderno e eficiente”, prossegue.
Além do Pix e dos cartões de crédito, outros métodos de pagamento também foram utilizados no comércio eletrônico brasileiro em 2024, segundo a E-commerce Data Library da PCMI: cartão de crédito internacional (10%), boleto bancário (8%), carteira digital (7%), cartão de débito (1%) e o modelo “Buy Now Pay Later” (1%).
Em 2025, o meio de pagamento segue firme: em 3 de março, feriado de Carnaval, o Pix foi utilizado em 77% das compras on-line e realizadas por mais de 40 mil empresas, segundo dados da Tuna Pagamentos. A discrepância em relação a outros meios é evidenciada nos números: o NuPay, forma de pagamento exclusiva do Nubank, ficou com 12,5%; cartões de crédito, 9,92%; e os boletos, 0,28%.
Evolução do meio de pagamento mais querido do Brasil
A evolução do Pix segue em ritmo acelerado. “Desde seu lançamento, o Banco Central tem introduzido novas funcionalidades que ampliam o escopo de uso da ferramenta”, como Pix Saque, Pix Troco e Pix por Aproximação (NFC). Também já se destacam iniciativas, como Pix por Biometria, Pix Parcelado, Pix Garantido, Pix Internacional, além do Pix Automático.
No entanto, a popularização do sistema também trouxe desafios. “Existe um grande direcionamento do Banco Central para a conscientização da população sobre como evitar fraudes e golpes – e isso é um ponto importante, já que, segundo relatório da Silverguard de dezembro de 2024, 97% das fraudes relatadas em seu sistema foram do tipo ‘APP’ (authorised push payment fraud), em que a vítima realiza a transferência após acreditar em uma história bem elaborada de engenharia social”, alerta o Diretor de Antifraude do Efí Bank.
Segundo o mesmo relatório, o número de fraudes por transação via Pix é 100 vezes menor que o registrado no cartão de crédito. Para reforçar a segurança, o BC implementou autenticação obrigatória, criptografia das informações e rastreabilidade das transações, além de limites noturnos de transferência e mecanismos, como o Mecanismo Especial de Devolução (MED) e os marcadores de fraude no DICT.
“O Pix, hoje, é o maior caso de sucesso de inclusão financeira digital do Brasil e um modelo observado pelo mundo. Ele já é parte essencial da rotina econômica do país”, conclui o executivo, apontando que a plataforma deve seguir se expandindo com funcionalidades sofisticadas e interoperabilidade com moedas digitais, como o Drex.
Já Rabusky pontua que “o potencial [do Pix] é enorme: ele pode se tornar a base para novas modalidades de crédito, parcelamentos e recorrências. O limite está na capacidade de inovação que conseguimos construir sobre essa base”.
Com essa ampla aceitação e crescimento acelerado, o Pix se firma como o método de pagamento alternativo mais inovador da América Latina e um pilar fundamental do comércio eletrônico no Brasil.
Do Olhar Digital