No Pará, mais especificamente nas proximidades do rio Xingu, tem se tornado frequente a aparição de animais que correm risco de extinção. Um flagrante recente, registrado por câmeras que fazem o monitoramento da fauna na Área de Proteção Permanente (APP) da Usina Hidrelétrica Belo Monte, revelou uma anta (Tapirus terrestris). A espécie figura na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), como vulnerável à extinção.
Considerada o maior mamífero terrestre da América do Sul, a anta pode pesar até 300kg e ultrapassar os dois metros de altura. É essencial para a manutenção das florestas tropicais, pois alimenta-se de grandes quantidades de frutos e sementes, dispersando-as por longas distâncias, contribuindo para a regeneração e diversidade do ecossistema onde vive.
A destruição de habitats, a caça ilegal e os atropelamentos em rodovias estão entre as principais ameaças à espécie. Animal tímido e solitário, só é avistado em grupos na época do acasalamento. Sua baixa taxa reprodutiva, com um filhote por gestação a cada dois ou três anos, torna a recuperação de suas populações um processo ainda mais lento. Excelente nadadora, a anta costuma se refugiar na água para fugir de predadores naturais como a onça.
Na Amazônia, onde encontra um ambiente mais preservado e com maior oferta de alimentos, a anta ainda é avistada com mais frequência em comparação a outros biomas brasileiros, como o Cerrado e a Mata Atlântica, onde suas populações foram drasticamente reduzidas. Recentemente, houve registros de seu reaparecimento em áreas onde não era vista há décadas, como no estado do Rio de Janeiro.
Esta não é a primeira vez que a espécie é avistada pelos biólogos que estudam a fauna da área de influência da hidrelétrica. Em 13 anos de monitoramento realizado pela Norte Energia, concessionária da usina, os pesquisadores contabilizaram mais de 250 registros da espécie, entre visualizações diretas e vestígios como pegadas e fezes.
“A presença constante de espécies sensíveis e ameaçadas, como a anta, nas áreas sob influência e cuidado de Belo Monte é um sinal de que o ecossistema está saudável e que nossas ações de conservação estão gerando resultados positivos. Também é importante destacar que a anta é conhecida como ‘jardineira da floresta’, já que ela contribui com a biodiversidade ao dispersar sementes pela área”, explica Roberto Silva, Gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.
Mais de 800 espécies registradas por câmeras de monitoramento
Belo Monte é cercada por uma APP que corresponde a 26 mil hectares, equivalente a cerca de 25 mil campos de futebol. Além da anta, o monitoramento realizado pela empresa desde 2012 tem registrado outras espécies que indicam a saúde ambiental da região. Entre elas estão a ariranha (Pteronura brasiliensis), também conhecida como “onça-d’água” e classificada como vulnerável à extinção e o raro gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi), um felino igualmente ameaçado por ações como desmatamento e queimadas.
Em 26 campanhas de campo, já foram flagrados por câmeras camufladas na floresta os três maiores felinos das Américas: a jaguatirica (Leopardus pardalis), a onça parda (Puma concolor) e a imponente onça-pintada (Panthera onca), além de mais de 800 outras espécies, incluindo anfíbios, répteis, aves e outros mamíferos.
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