O designer paraense João Victor, de 28 anos, transformou memórias de infância e raízes culturais profundas em uma marca que vem conquistando o cenário da moda brasileira. Natural de Tailândia, nordeste do Pará, ele cresceu entre linhas e tecidos, observando a mãe costurar e a rotina da fábrica de uniformes da família. Com talento para o desenho e paixão pela arte, uniu essas habilidades e, em 2019, lançou a Pink Boto, marca que leva o imaginário amazônico para as estampas de suas peças.
A virada aconteceu em 2023, quando João, agora conhecido como João Boto, lançou uma coleção de camisas esportivas inspiradas na estética da Amazônia. A proposta logo caiu no gosto popular, impulsionada pela tendência Block Core e o boom das camisas no estilo jersey. As peças estampadas com boto tucuxi, boto rosa, flor de jambu, açaí e guaraná saíram das periferias e comunidades para ganharem destaque até nas redes sociais de fashionistas e vitrines nacionais.
Entre os fãs do trabalho de João está Amanda Santana, curadora de arte indígena e fundadora da plataforma Tucum. Em visita ao festival Psica, em Belém, ela se surpreendeu com a força da marca. “As camisas têm o corte do futebol, mas a alma da cultura paraense. João levanta a bandeira do guaraná, do açaí, do boto — e traz o Norte com orgulho para o centro da moda”, afirma.
A Pink Boto acaba de lançar a série Fruta Temporã, com modelos chamados Clube do Açaí, Wara’ná e Pa’rá, todos rapidamente esgotados. Com a nova reposição prevista para os próximos dias, chegam também calças e shorts, e João prepara ainda uma linha infantil. “Faço uma modelagem retrô dos anos 1980, com grafismos indígenas e símbolos do Tapajós, sempre respeitando e valorizando a ancestralidade“, destaca o designer.
Com uma identidade forte, estética única e narrativa autêntica, João Boto está transformando moda em memória, e vestindo o Brasil com as cores e encantos da Amazônia.
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