Preços dos alimentos continuam sendo um dos principais desafios do governo Lula

Conter a alta dos preços dos alimentos continua sendo um dos principais desafios no início do terceiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, nesta semana, chegou a sugerir que, como solução para o imbróglio, os brasileiros parem de comprar produtos caros ou façam trocas por opções similares.

A declaração polêmica rendeu ainda mais subsídio para a oposição tecer críticas ao Executivo, ao mesmo tempo em que ainda não foi apresentada nenhuma medida efetiva para frear o aumento.

Na sexta-feira, 7, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, até tentou se esquivar da polêmica e reforçou que o governo trabalha para retomar o dólar a um patamar mais adequado, esperando que esse esforço se reflita nas próximas semanas nos preços praticados. No ano passado, o dólar chegou a R$ 6,30 e agora está próximo de R$ 5,70. Ele também acredita que o Banco Central (BC) trabalha para combater a inflação com o aumento da Selic, a taxa básica de juros do Brasil.

“Se você está tendo um repique inflacionário, precisa corrigir. O remédio para corrigir a inflação é, muitas vezes, aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Agora, tudo isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa. Isso é que nem um antibiótico. Você não pode tomar a cartela inteira em um dia, nem pular o horário, nem tomar mais do que precisa. Nem menos, nem mais do que você precisa. Então, a política monetária tem de ter muita sabedoria para conduzir”, afirmou Haddad.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, na semana passada, a taxa de juros pela quarta vez seguida, indo para 13,25% ao ano, e indicou que pode realizar um novo aumento de um ponto percentual no próximo mês. A lógica para conter a inflação é desaquecer a economia, que já vem registrando taxas elevadas de crescimento. A instituição, no entanto, já admitiu que o preço dos alimentos deve continuar em alta nos próximos meses.

Como diminuir os preços?

Para o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos/PB), são necessárias mudanças de rumo na economia, tendo como base a responsabilidade fiscal e dispensando mudanças superficiais, para que os preços dos alimentos comecem a diminuir. “O que está acontecendo com os alimentos? Você está tendo alta [dos preços] porque estamos com toda uma vinculação à política internacional, como a alta do dólar e outros fatores que afetam os preços”, explicou.

Articulação no Senado

Favorito para assumir a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o senador Renan Calheiros (MDB/AL) deve ter uma relação mais amistosa com o ministro Fernando Haddad, dando sinais de que pode atuar de forma colaborativa e propositiva. Antes cotado para a vaga, o senador Eduardo Braga (AM) deve continuar como líder do MDB no Senado, deixando o caminho livre para Renan assumir o lugar antes ocupado por Vanderlan Cardoso (PSD/GO).

Por Esfera Brasil