Congresso Brasileiro reúne mais de 1.600 profissionais de saúde em Belém

Mais de 1.600 profissionais de diversas áreas ligadas à saúde mental estão reunidos no 9º Congresso Brasileiro de Saúde Mental, iniciado nesta sexta-feira, 15, no Hotel Sagres, em Belém, e que se estenderá até este domingo, 17. Uma parte da programação que inclui mais de 20 cursos, oficinas, mesas redondas e rodas de conversas, está sendo realizada no campus da Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia (Unama).

O evento, que tem o apoio da Prefeitura de Belém, é organizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e reúne médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e antropólogos. O tema central que norteia as discussões do congresso é “Potências do Bem Viver: ancestralidade, diversidade e sustentabilidade”.

A experiência de economia solidária e saúde mental desenvolvidas em diversos lugares do país, como Porto Alegre, Acre, São Paulo e Bahia, minicursos e oficinas sobre envelhecimento, a política de drogas, redução de danos, a questão da infância e adolescência e autismo, a medicalização do fracasso escolar e a produção social da esquizofrenia são assuntos que estão sendo tratados.

Na programação do evento científico consta apreciação de 800 trabalhos inscritos e também exibição vídeos e filmes relacionados à temática do congresso.

“O 9º Congresso Brasileiro de Saúde Mental traz essa perspectiva de discussão das singularidades da Amazônia do sofrimento psíquico, entendido também enquanto fruto de determinantes sociais, de saúde, determinantes políticos e econômicos”, explica a presidente da Abrasme, Ana Paula Freitas Guljor.

“O sofrimento psíquico também é falta de acesso. O sofrimento dos povos originários é não demarcação de terra, é não preservação da cultura. O sofrimento de pessoas em comunidades é não ter acesso ao emprego pleno, é não ter acesso a uma condição de educação que permita galgar outros espaços”, afirma a presidente da Abrasme.

Capitalismo
“A gente precisa pensar que a crise climática, os nossos rios secando, contaminados por mercúrio, tudo isso adoece. A saúde mental tem que ser pensada numa sociedade que também discuta as garras do capitalismo que desmata, que apodrece os nosso rios”, afirma a presidente do Conselho Regional de Psicologia da 10ª Região (Pará e Amapá), Jurelda Duarte Guerra.

O psicólogo Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, que coordenou uma oficina sobre saúde mental na Universidade, destacou o “diálogo com os movimentos da luta antimanicomial”.

Segundo ele, “não é enclausurando as pessoas que a gente vai ajudá-las. O sofrimento psíquico precisa de laços sociais, precisa de comunidade, de comunitarismo. Precisa que a gente entenda que o problema é mais um problema da sociedade do que da pessoa como indivíduo. Na Abrasme a discussão está no âmbito da desmedicalização, da vida comunitária, de pensar de que outra sociedade é possível não essa que enlouquece a gente”.

Texto:
Raimundo Sena
Foto: Amarilis Marisa/ Agência Belém