Renilce, Wlad e testemunhas cara a cara com a Justiça: depoimentos

O processo que a deputada federal Renilce Nicodemos (MDB) move contra o ex-deputado e também ex-padrinho político dela, Wladimir Costa, entrou na reta final para julgamento do mérito. Ontem, 5, foi realizada a audiência em que todas as partes estiveram frente a frente, seja da defesa quanto da acusação, incluindo as testemunhas. Wlad e Renilce, acusadora e acusado, estiveram presentes.

Enquanto Renilce estava em uma sala virtual, Wlad compareceu fisicamente perante a juíza Andréia Bispo. O caso corre em segredo de justiça, mas o Ver-o-Fato teve acesso a boa parte dos depoimentos. E fatos novos vieram à tona, demonstrando que o processo, a partir de ontem já na fase de alegações finais, terá capítulos picantes até seu desfecho e sentença.

Renilce reafirmou todas as acusações contra o ex-deputado, acusando-o de persegui-la, atacar sua honra pelas redes sociais, praticando crimes de calúnia, injúria e difamação, teses sustentada por seus advogados. Já Wlad, negou as ameaças, os achaques e a perseguição contra a parlamentar emedebista.

A defesa dele rebateu as acusações, adiantando que irá, nas alegações finais, desmontar todas as teses que culminaram na decretação da prisão preventiva de Wlad. Para os advogados, o caso tem motivação política.

R$ 15 milhões, ou R$ 80 mil?

Além das acusações de injúria, calúnia e difamação, a parte mais grave do processo seria uma alegada extorsão de R$ 15 milhões de Wlad contra Renilce ou a entrega das chaves da casa dela, o que o ex-deputado negou durante o depoimento de ontem. Nesse episódio, surgiram os nomes de Murilo, ligado a Wlad, e Ramon Monteiro, ligado à Renilce nas redes sociais.

Na audiência foi perguntado a Renilce quem era Monteiro e ela respondeu que ele trabalhava com o acusado. Isso foi negado. E dito que Ramon Monteiro teria insistido para que Murilo intermediasse uma conversa com o Wlad, porque Renilce teria uma proposta para Wlad parar de falar mal dela. Nessa suposta conversa, colocada no viva-voz, a deputada teria confirmado a proposta ao interlocutor, embora não tivesse sido mencionado valores.

Sobre os R$ 15 milhões, Wlad respondeu que nunca teria passado pela cabeça dele fazer essa proposta e que isso foi inventado por Renilce. Surgiu também a acusação de que o ex-deputado teria feito uma proposta para cobrar R$ 80 mil, a título de propina. Wlad nega, diz que isso foi “armado” por Andrei, outra testemunha. De acordo com Wlad, os R$ 80 mil seria uma verba de publicidade que o Estado devia a ele, com preço de R$ 120 mil depois reduzido. Havia nota fiscal dessa fatura publicitária. A empresa que fazia a PI (publicidade) era a Fax, que tem a conta do governo.

Essa gravação, de 2022, levada por Andrei para o processo, foi submetida à perícia, mas o laudo não mencionou a data. Para a defesa, houve manipulação, puxando a gravação para 2023. Outro momento da audiência foi a admissão da advogada Cíntia, que é uma das defensoras de Renilce, como assistente da acusação no processo.

Devido a esse fato, ela estaria impedida de escolher o dia e a hora para depor. A juíza indeferiu a pretensão e Cíntia teve de depor ontem. Antes, ela disse se sentir constrangida de falar na frente de Wlad e ele saiu da sala para que ela pudesse depor.

Denúncias paradas?

Além do processo que ela move contra Wlad, a deputada Renilce Nicodemos é protagonista de um pedido de abertura de investigação com Notícia de Fato, no Ministério Público do Pará. As acusações contra Renilce são encabeçadas por Fábio Marcelo Monteiro Braun e José Roberto Oliveira da Costa e foram direcionadas ao Ministério Público do Estado do Pará, sob a supervisão do Procurador Geral de Justiça, Cesar Mattar Junior.

O foco das alegações concentra-se no Instituto Durval Reis para Desenvolvimento Avançado (IDR), uma entidade que, embora originalmente criada para fomentar o desenvolvimento social e cultural no nordeste paraense, agora se vê no epicentro de um escândalo de proporções consideráveis, incluindo suposto desvio de R$ 31 milhões de verbas públicas .

De acordo com os documentos apresentados e aos quais o Ver-o-Fato teve acesso com exclusividade, o IDR recebeu consideráveis somas dos cofres públicos, destinadas à realização de projetos sociais em diversos municípios. No entanto, evidências indicam que tais fundos podem ter sido desviados para outros fins, longe dos olhos do público e sem a devida prestação de contas. O projeto de lei que conferiu ao IDR o título de “Utilidade Pública Estadual”, proposto por Renilce Nicodemos quando ainda exercia mandato de deputada estadual, é agora visto sob uma luz suspeita, ampliando o escopo das investigações.

Esse caso, segundo foi informado ao Ver-o-Fato, estaria dormindo em “banho maria” no MP e sequer teria sido indicado a promotoria que irá apurar as denuncias. Com a palavra, a Procuradoria Geral de Justiça.

Transcrito do site Ver-o-Fato

Foto: Reprodução