A perda auditiva afeta pelo menos 10 milhões de brasileiros, o equivalente a 5% da população, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, esse número é subdimensionado. Existe uma estimativa de que o contingente total seja de 20 milhões de pessoas. Isso porque o número do IBGE é um dado autodeclarado pelo entrevistado, mas muita gente não se reconhece com deficiência auditiva ou ainda não foi diagnosticada.
Segundo o último Relatório Mundial da Audição, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas terão algum tipo de perda auditiva em todo o mundo até 2050. Atualmente, a entidade calcula que 1,5 bilhão tenham redução na capacidade de ouvir.
O principal motivo da deficiência auditiva é o aumento da expectativa de vida da população. A expectativa de vida ao nascer no Brasil, em 2022, ficou em 75,5 anos. Para se ter uma ideia da evolução, em 1970, há pouco mais de cinco décadas, a longevidade médica chegava a apenas 57 anos.
Além disso, atualmente as pessoas têm mais possibilidades de fazer um diagnóstico hoje do que há 20 anos. Isso também ajuda a explicar o crescimento nos casos.
Na terceira idade, ela está ligada ao processo de envelhecimento natural do organismo, mas o problemaafeta todas as faixas etárias, incluindo bebês, crianças e adolescentes. E tem crescido em ritmo acelerado entre os jovens de até 30 anos.
A principal causa para a perda auditiva entre os jovens é o uso excessivo de fones de ouvido em alto volume por tempo prolongado. É comum que os jovens utilizem o produto por horas a fio, para ouvir música, trabalhar, escutar podcasts ou jogar videogame.
Os sintomas mais comuns de uma possível perda são zumbido frequente no ouvido, tontura e dificuldade de compreensão de palavras, mesmo em ambientes silenciosos.
Além do prejuízo óbvio na comunicação, a perda auditiva traz uma série de problemas em todas as etapas de vida. No caso de crianças e adolescentes, ela impacta o desenvolvimento da linguagem e traz dificuldades de aprendizado. O baixo rendimento escolar, muitas vezes, é causado porque a criança simplesmente não ouve o professor com clareza e nitidez.
Já no caso dos idosos, a perda auditiva acelera o declínio cognitivo e pode agravar a demência, como o Alzheimer. De acordo com estudos científicos, aproximadamente 10% das pessoas com mais de 65 anos têm algum quadro neurodegenerativo. E a perda auditiva foi considerada o maior risco potencial para a demência, contribuindo com 8% para o risco total de pessoas com essa condição.
Vivemos num mundo barulhento e a longevidade da população é cada vez maior, o que exige atenção para um problema que coloca em risco a saúde de tantas pessoas, de todas as idades. Precisamos mudar o paradigma de que a perda auditiva afeta somente os idosos.
Além disso, a condição é um problema progressivo, e, se não for tratada assim que surgirem os primeiros a sintomas, pode acarretar prejuízos irreversíveis na capacidade de ouvir.
Diante desse cenário, é essencial cuidar da saúde auditiva e adotar os mesmos cuidados com outras partes de corpo. Isso passa por incluir a audiometria na rotina, o exame que avalia a nossa audição. A prevenção é a melhor estratégia para escutar bem e ter um envelhecimento com excelente qualidade de vida.
Fonte Saude Abril
(Ilustração: Pedro Hamdan/SAÚDE é Vital)