Hipertensão: pressão arterial fora do consultório deve guiar diagnóstico

Diversas situações podem falsear os resultados obtidos em uma consulta, motivo pelo qual a medição em outros momentos do dia – inclusive em casa – pode ser uma aliada importante para entender como sua pressão varia ao longo do dia.
Em média, um a cada quatro brasileiros sofre com hipertensão arterial. Um número que sobe ainda mais conforme a idade avança: entre pessoas com mais de 65 anos, a prevalência do problema é de 61%, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Mas, ao mesmo tempo em que é um fator de risco importante para uma série de complicações cardiovasculares potencialmente fatais (como doença arterial coronária, AVC e doença renal), a pressão alta também é considerada um dos principais problemas modificáveis com adequações de estilo de vida e tratamentos iniciados cedo.

Foi para ajudar num diagnóstico mais correto que 67 profissionais de cardiologia do país lançaram, em abril, as novas Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório. Como o título sugere, a ideia é orientar médicos a observar o problema não apenas com medições realizadas durante as consultas.

O que dizem as novas diretrizes sobe a pressão
Conforme o documento, médicos devem levar em consideração fatores que podem não aparecer apenas no exame rotineiro realizado em consultório. Para isso, questões como gênero, faixa etária, classe social e outras condições de saúde também precisam ser levados em consideração para um diagnóstico mais preciso.

Outro ponto importante reforçado pelas diretrizes é a importância de considerar alternativas à medida da pressão arterial realizada em consultas. Isso pode ser feito com equipamentos automáticos que o paciente utiliza por conta própria em outros momentos do dia, inclusive em casa.

Dispositivos com memória, que registram a variação da pressão, também são bem-vindos. Eles permitem entender o quanto ela se modifica em curto prazo e dão subsídios para estabelecer valores médios que facilitam na hora de cravar que quadro a pessoa tem.

Com todas essas informações, o médico pode confirmar ou descartar com mais segurança um quadro de hipertensão, mesmo quando os resultados auferidos em consultório não apresentam alterações ou só trazem mudanças discretas em relação aos padrões considerados normais.

O que é hipertensão arterial
A hipertensão arterial ocorre quando a pressão arterial sistólica (PAS, que ocorre quando o coração se contrai) e a pressão arterial diastólica (PAD, quando ele passa por relaxamento) estão acima dos parâmetros considerados normais.

Para as medidas em consultório, os níveis utilizados pelos médicos são os seguintes:

Pressão arterial ótima: PAS menor que 120 e PAD menor que 80
Pressão arterial normal: PAS entre 120 e 129 e/ou PAD entre 80 e 84
Pré-hipertensão: PAS entre 130 e 139 e/ou PAD entre 85 e 89
Hipertensão estágio 1: PAS entre 140 e 159 e/ou PAD entre 90 e 99
Hipertensão estágio 2: PAS entre 160 e 179 e/ou PAD entre 100 e 109
Hipertensão estágio 3: PAS superando 180 e/ou PAD superando 110
Que situações podem falsear a pressão medida em consultório
Ao considerar medidas em vários momentos do dia, as diretrizes buscam combater alguns cenários conhecidos dos médicos que acabam produzindo falsos positivos ou falsos negativos quanto a um diagnóstico de hipertensão. Elas incluem:

Hipertensão do avental branco (HAB): quadro em que o paciente apresenta uma elevação da pressão em consultório, mas ela é normal em outras situações.
Hipertensão mascarada (HM): situação oposta à HAB, aqui o paciente pode aparentar ter uma pressão normal na avaliação feita durante a consulta, mas é hipertenso no resto do dia.
Hipertensão arterial resistente (HAR): quando a pressão arterial segue descontrolada mesmo com o uso de três medicamentos anti-hipertensivos de classes diferentes.
Alterações da pressão no sono: quando a pessoa não apresenta hipertensão durante o dia, mas ela aparece quando se dorme.
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Por Maurício Brum/Saúde.Abril