Em Belém, Iphan segue atrapalhando a vida de quem pensa nas pessoas, não apenas nos monumentos

Instituto barra iniciativa da Secretaria de Segurança Pública e da Assembleia Legislativa em favor da população e carimba o selo do desserviço.

No caso da Assembleia Legislativa, a situação é ainda mais bizarra, uma vez que foi impedida de construir rampas de sinalizações e calçadas táteis, aquelas em que a locomoção de deficientes visuais é facilitada por demarcações específicas no trajeto na travessa Félix Rocque e rua Doutor Malcher, que demarcam o entorno do prédio do Legislativo.

A presidência da Assembleia chegou a emitir nota para esclarecer o imbróglio, já que tem mantido constantes conversas com o órgão federal desde que as obras de reforma do prédio foram iniciadas. Mas o que deveria ser visto como valorização do patrimônio público, como a revitalização das calçadas no entorno, é classificado como agressão à história da cidade pelo Iphan.

Nem eira, nem beira

O Instituto alega que pediu explicações sobre a obra após manifestação dos próprios moradores do entorno. Uma das principais queixas seria a retirada das pedras portuguesas para construir as calçadas táteis, mas, de acordo com a nota emitida pela presidência, são pedras colocadas no local na década de 1990, o que descaracteriza qualquer aspecto histórico do material.

A verdade é que o Iphan segue sendo o Iphan. Não revitaliza, nem deixa que se revitalize. E o que é pior: contra isso, ninguém tem a quem recorrer

Por Olavo Dutra