PF afirma que ex-ministro tentou usar Forças Armadas para reeleger Bolsonaro, diz site

De acordo com o site Poder 360, em uma reunião realizada em julho de 2022 com líderes do governo, o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, fez uma comparação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a um “inimigo” e admitiu ter utilizado as Forças Armadas na tentativa de garantir a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As declarações do ex-ministro foram registradas pela Polícia Federal e foram mencionadas na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, desta quinta-feira (8 de fevereiro de 2024).

Conforme o relato da PF, Nogueira expressou desconfiança em relação ao processo de fiscalização eleitoral do TSE, ao afirmar que a Comissão de Transparência Eleitoral é apenas “para inglês ver”. O ex-ministro de Bolsonaro teria proposto uma maior presença das Forças Armadas para assegurar a reeleição do ex-presidente.

“O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo […] Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido para que a gente não fique sozinho no processo”, disse Nogueira, segundo registro da corporação.

Além do ex-ministro da Defesa, estavam presentes no encontro:

  • Jair Bolsonaro – então presidente da República;
  • Anderson Torres – então ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno – então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); e
  • Walter Braga Netto – então ministro-chefe da Casa Civil.

Ao grupo presente, Nogueira teria garantido reuniões semanais com os comandantes das Forças Armadas para que as eleições “se transformassem” no que eles “sonhavam”.

“Para encerrar, senhor presidente, eu estou realizando reuniões com os comandantes de Força quase que semanalmente. Esse cenário, nós estudamos, nós trabalhamos. Nós temos reuniões pela frente, decisivas para a gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições transcorram da forma como a gente sonha”, declarou Nogueira.

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Diante do exposto, Bolsonaro teria incentivado os órgãos por trás da Comissão Eleitoral, dentre eles as Forças Armadas, a produzir um documento que atestasse a impossibilidade de uma “lisura das eleições” em 2022.

“Pessoal, perder uma eleição não tem problema nenhum. Nós não podemos é perder a democracia numa eleição fraudada! Olha o [Edson] Fachin [então presidente do TSE]. Os caras não têm limite. Eu não vou falar que o Fachin tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que [Roberto] Barroso [ministro do Supremo Tribunal Federal] tá levando US$ 30 milhões. Não vou falar isso aí. Que o Alexandre de Moraes [ministro do Supremo Tribunal Federal] tá levando US$ 50 milhões. Não vou falar isso aí. Não vou levar para esse lado. Não tenho prova, pô! Mas algo esquisito está acontecendo”, disse o ex-presidente, de acordo com relato da PF.

Em razão das declarações obtidas pela Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a realização de buscas e apreensões em endereços relacionados a Nogueira, juntamente com a retenção do passaporte do ex-ministro.

Operação Tempus Veritatis

Nesta quinta-feira (8 de fevereiro de 2024), a Polícia Federal deflagrou uma operação contra Jair Bolsonaro e seus aliados, alegando uma suposta tentativa de golpe durante o mandato do ex-presidente. A Justiça determinou que o ex-chefe do Executivo entregue seu passaporte às autoridades policiais.

Os agentes estão cumprindo 33 mandados de busca e apreensão, 4 mandados de prisão preventiva e 48 medidas alternativas. Estas incluem a proibição de contato com outros investigados, a proibição de sair do país com entrega dos passaportes em 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.

As buscas estão sendo realizadas em diversos estados, incluindo Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em nota, a PF disse que a operação apura “organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder”.

As informações são do Poder 360

Fonte: Terra Brasil Notícias/Foto: Reprodução