O almirante Rob Bauer (foto), presidente do Comitê Militar da OTAN, instou tanto os governos quanto os civis a se prepararem para conflitos contundentes e para a perspectiva de serem recrutados para uma guerra que exigirá uma mudança total nas suas vidas nos próximos 20 anos.
Bauer disse que um grande número de civis terá de ser mobilizado no caso de uma guerra global eclodir e os governos devem garantir que as suas nações estejam prontas para a guerra:
“Temos que perceber que não é um dado adquirido que estamos em paz. E é por isso que nós [forças da OTAN] temos planos, é por isso que estamos nos preparando para um conflito com a Rússia”, disse Bauer aos jornalistas após uma reunião dos chefes de defesa da OTAN em Bruxelas.
O papel dos civis
Ele seguiu: “Mas a discussão é muito mais ampla. É também a base industrial e os civis que têm de compreender que desempenham um papel”.
“Precisamos que os intervenientes públicos e privados mudem a sua mentalidade de uma era em que tudo era planejável, previsível, controlável e centrado na eficiência, para uma era em que tudo pode acontecer a qualquer momento. Uma era em que precisamos esperar o inesperado”, alertou Bauer.
O alto chefe militar holandês acrescentou: “É preciso ser capaz de recorrer a uma base industrial que seja capaz de produzir armas e munições com rapidez suficiente para poder continuar um conflito, se estivermos nele”.
Defensor fiel 2024
As declarações se dão em um contexto no qual a OTAN planeja mobilizar 90.000 soldados, na sua maior manobra militar desde a Guerra Fria, a fim de dissuadir Vladimir Putin de atacar um país membro.
A aliança anunciou que o exercício começaria na próxima semana, com meses de exercícios destinados a mostrar que pode defender todo o seu território até a fronteira com a Rússia.
Os exercícios — apelidados de Steadfast Defender (‘Defensor Fiel‘) — decorrerão até ao final de maio e envolverão unidades de todos os 31 países membros da OTAN, além da Suécia, candidata a membro, disse o Comandante da OTAN na Europa, o general norte-americano Christopher Cavoli.
“A Aliança demonstrará a sua capacidade de reforçar a área euro-atlântica através de um movimento transatlântico de forças da América do Norte”, disse Cavoli aos jornalistas em Bruxelas, após a reunião de dois dias de chefes de defesa nacionais.
O Reino Unido declarou que enviará 20.000 soldados com os dois novos porta-aviões da Marinha Real, oito navios de guerra, bem como a aeronave de ataque relâmpago F-35 da RAF, que praticará vôo em cenários de conflito simulados.
A Alemanha, por sua vez, enviará 12 mil soldados, além de 3 mil veículos e 30 aeronaves.
Ajuda à Ucrânia continua
O Reino Unido anunciou um pacote de apoio adicional de 2,5 mil milhões de libras à Ucrânia e aos ataques aéreos da RAF, com os EUA, contra os Houthis no Iêmen.
O Almirante Bauer disse que a OTAN continuará a apoiar a Ucrânia a longo prazo.
“Hoje é o 693º dia do que a Rússia pensava que seria uma guerra de três dias. A Ucrânia terá o nosso apoio em todos os dias que estão por vir porque o resultado desta guerra determinará o destino do mundo”, disse ele.
“Esta guerra nunca foi sobre qualquer ameaça real à segurança da Rússia vinda da Ucrânia ou da OTAn”, acrescentou o Alte Bauer.
“Esta guerra é sobre a Rússia temer algo muito mais poderoso do que qualquer arma física na terra – a democracia. Se as pessoas na Ucrânia podem ter direitos democráticos, então as pessoas na Rússia em breve irão desejá-los também.’
O alerta do Ministério da Defesa alemão
O anúncio do exercício da OTAN surge depois de a Alemanha ter revelado que as forças de Putin estão se preparando para um ataque a OTAN em 2025.
O Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, enfatizou : “Devemos fortalecer rapidamente a nossa capacidade de defesa dada a urgência da situação de ameaça.”
Segundo o tabloide alemão Bild, documentos do Ministério da Defesa alemão teriam demonstrado como a Rússia pretende escalar o conflito na Ucrânia para uma guerra total em apenas 18 meses.
Os planos vazados revelariam em detalhes o que poderia ser o caminho para uma Terceira Guerra Mundial, com Putin usando a Bielorrússia como plataforma de lançamento para uma invasão – como fez em Fevereiro de 2022 para a sua guerra na Ucrânia.
Fonte: oantagonista/Foto: Reprodução/Instagram