Sana (EFE) – Dezenas de milhares de fervorosos partidários dos rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, fizeram nesta sexta-feira uma manifestação na capital do país, Sana, em resposta aos bombardeios de Estados Unidos e Reino Unido contra as posições dos rebeldes para tentar impedir seus ataques contra embarcações no mar Vermelho.
Na Sabeen Square, os simpatizantes dos rebeldes agitaram bandeiras palestinas e brandiram armas e punhais, e entoaram frases desafiadoras como “Não temos medo, não podemos ter medo”, “EUA, pare o terrorismo” e “Não nos importamos se vocês fizerem uma grande guerra mundial”.
Alguns manifestantes também carregavam faixas com os dizeres “É isso que queríamos, um confronto com os Estados Unidos”. Os organizadores queimaram bandeiras de Israel e EUA, segundo pôde verificar a Agência EFE.
O protesto em massa, que também aconteceu em outras cidades do Iêmen, enviou uma mensagem desafiadora a americanos e britânicos, que no início da manhã lançaram 73 ataques contra posições militares houthis em diferentes partes do país, matando pelo menos cinco combatentes.
Longe de se intimidar com essa ação conjunta do Ocidente contra seu território, os rebeldes prometeram que esse ataque não ficará sem resposta, declararam uma guerra aberta e indicaram que os interesses de EUA e Reino Unido são agora alvos legítimos para os insurgentes.
Ameaças de uma nova guerra
Mohamed Ali Al Huti, membro do Conselho Político Supremo rebelde, falou para os manifestantes em Sana com um rifle na mão, assegurando que os ataques ao Iêmen são terrorismo.
“Os ataques ao nosso país não afetarão nosso moral ou nossa força”, acrescentou, seguido pelos aplausos da multidão, que demonstrou apoio inabalável ao movimento respaldado pelo Irã diante de um possível confronto aberto com os países ocidentais.
Os houthis lançaram dezenas de ataques desde meados de novembro contra navios mercantes no mar Vermelho ligados a Israel ou com destino a portos israelenses, ações em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, onde mais de 23 mil pessoas foram mortas desde o início da guerra entre Israel e Hamas no dia 7 de outubro.
Antes da resposta militar, essas ações motivaram a criação de uma coalizão naval liderada pelos EUA para garantir a liberdade de navegação no mar Vermelho, por onde passa cerca de 15% do comércio mundial.
“Enquanto os EUA estiverem contra nós, estaremos convencidos de que temos razão e de que estamos no caminho certo”, disse Samei.
O ímã da mesquita de Sana, Abdul Elah Al Rassas, de 46 anos, disse à EFE que os iemenitas não serão afetados por novos ataques aéreos, já que o país está mergulhado na guerra desde 2014.
“Eles acham que podem lançar ataques secretos para nos dissuadir, mas a batalha é maior do que eles imaginam”, declarou. EFE
Fonte: EFE/Foto: EFE/YAHYA ARHAB