O ano de 2024 se anuncia como um espetáculo de emoções intensas, um palco onde a fé religiosa, o fervor do futebol e o cenário eleitoral abraçam mais de cinco mil municípios espalhados por todo o território nacional.
O clássico entre o Clube do Remo e o Paysandu, este último na série B do Brasileirão, está prestes a se desenrolar novamente, agora no campeonato estadual. O Clube do Remo, mesmo após um acirrado processo eleitoral, com a chapa do herdeiro do governador do Pará emergindo vitoriosa, mantém sua posição na série C.
Em uma terra onde as fronteiras entre religião, futebol e política se entrelaçam, escolher uma pauta central para as eleições municipais, tão diversas como são, não é uma tarefa simples. Contudo, ousaria afirmar que, nas eleições de 2024, a batalha entre direita e esquerda será crucial.
O poder repousa nas mãos dos eleitores, e as cidades desempenham um papel vital na existência do cidadão. Questões como transporte, saúde, educação, emprego, moradia e segurança sempre emergem como preocupações prementes para aqueles que residem em áreas urbanas. No entanto, as dimensões ambientais, os valores culturais e as questões identitárias também reivindicam seu espaço sob o sol.
Os preparativos para as eleições já estão em pleno curso, mas até aqui, o eleitor, o verdadeiro detentor do poder, apenas observa e já percebe os indícios das manobras nos bastidores.
Nas redes sociais, já se delineiam os arranjos eleitorais que escapam dos conluios políticos. De um lado, a mobilização do continuísmo. Aqueles no poder, mesmo desprovidos do direito à reeleição, farão o impossível para manter o controle da máquina.
Do outro, a oposição local, que, em determinados casos, receberá o reforço do cenário nacional, seja da direita ou da esquerda.
A eleição Municipal de 2024 será uma prévia das eleições de 2026. Lulistas e bolsonaristas travarão batalhas em cada rincão deste país. As bases parlamentares de senadores e deputados federais dividirão os municípios em redutos eleitorais, antecipando a disputa presidencial.
Um fator reforçará o lado de quem já tem mandato. As emendas parlamentares, uma conquista do parlamento que decisivamente mudou o presidencialismo brasileiro, serão usadas para impulsionar o caixa da disputa. Prefeitos e vereadores serão socorridos por essa receita extra, permitindo cumprir promessas de obras públicas, mesmo em prefeituras inadimplentes junto ao Tesouro Nacional.
Os grupos de cidadãos organizados no terceiro setor tentarão, com muito esforço, conscientizar o voto na escolha de aliados de bandeiras importantes, como combate às mudanças climáticas, equidade de gênero, fim do racismo, combate à pobreza, cidades inclusivas e resilientes.
Os conservadores religiosos, inclusive da Igreja Católica, exigirão que seus fiéis não votem em quem defende o casamento homoafetivo e o aborto.
O eleitor, quando chamado a decidir, fará o que sempre faz, escolherá candidatos que transmitam confiança e demonstrem capacidade para resolver seus dramas, sejam eles coletivos ou pessoais.
Por José Carlos Lima
(O Liberal 31.12.2023)